18.9.09

"SIM"

Sou um tipo um bocado lamechas e por isso gosto dos programas de televisão do género X-factor quando pessoal com o sonho de ser artista se apresenta diante dos júris tentando surpreende-los com o seu talento e obter deles o tão desejado "SIM". É giro quando do nada surge um concorrente com uma voz extraordinária que provoca arrepios em toda a plateia. É claro que muitos destes programas são preparados de modo a puxar pelas emoções e há muitas histórias e atitudes pelo meio que parecem ser fingidas. Mas isso não invalida que seja bonito ver um talento a afirmar-se, deixando de lado a vergonha e os medos e contribuindo para tornar o mundo mais colorido através da boa música - aquela que brota do coração.

Estes shows têm o outro lado menos feliz. Os concorrentes que perseguem o sonho de vir a ter uma carreira musical, mas que não têm o talento necessário para lá chegar. Tais concorrentes correm o risco de ser vaiados pela plateia e gozados pelo júri. Nós tomamo-los por tolos e abanamos a cabeça com pena deles ou, pior ainda, rotulamo-los de patéticos e tornamo-los alvo de piadas. Esses concorrentes ouvem o temido "NÃO" que destroça os seus sonhos e que custa a aceitar.

Tenho que confessar que quando vejo este tipo de concorrentes também sou tentado a rir-me deles e muitas vezes faço-o. Mas por vezes resisto a essa tentação e dou por mim incomodado com toda a situação. Apetece-me mudar de canal para não ter que assistir àquela cena. Nunca percebi muito bem o que é que esses momentos televisivos têm de tão peculiar que me leva a sentir-me desconfortável. Até que me ocorreu que talvez eu me identifique com estes concorrentes.

Num outro contexto e com um outro júri, muitas vezes dou por mim a exibir os meus "talentos" patéticos de modo a obter aprovação e o tão desejado "SIM". Esforço-me para aprender a executar bem a minha prova, estudo bem a matéria e convenço-me de que sou capaz. O júri tem fama de ser cruel, mas eu avanço destemido sem noção de que estou a fazer uma figura ridícula. A prova não corre como eu esperava e ao longo da minha exibição vou sendo assobiado por um ou outro elemento da plateia. O júri não parece nada impressionado com o que eu fiz, apesar de todos os meus malabarismos para lhe agradar. Ele olha-me com um olhar ar triste e abana a cabeça com condescendência, tal como um pai perante os disparates de uma criança. Perante tal reacção, eu fico cabisbaixo à espera de ouvir o temido "NÃO", mas um pouco reconfortado porque não vejo o júri adoptar a tal postura cruel...

Até que, com espanto, ouço o que o júri tem a dizer em relação à minha prova: "Filho, não percebo o que estás a fazer. Tu já estás previamente aprovado, não precisas de me tentar impressionar dessa forma. SIM. SIM. SIM."

"Não há nada que possas fazer que leve Deus a amar-te mais. Não há nada que possas fazer que leve Deus a amar-te menos."

E para terminar este post, um vídeo que não me canso de ver e que me derrete o coração =)

1 comentário:

Fala-Barato disse...

A TV apodrece o cérebro...

Dedica-te a actividades mais "lucrativas" para ti como pessoa, tipo dormir no sofá, escrever textos em blogues e pensar na tua tese.