Agora surgiu no facebook um grupo chamado "I'm a christian and I'm proud". Alguns dos meus amigos aderiram ao grupo e entretanto recebi um convite para aderir também. Mas não o fiz. Porque não me orgulho de ser cristão. Antes que os meus leitores cristãos comecem a resmungar contra mim e que os meus leitores não-cristãos comecem a sorrir pensando que eu me "desconverti", deixem-me explicar melhor...
Ser cristão não é algo de que eu me possa orgulhar. Digo até mais: ser cristão não é uma escolha, porque na verdade não tenho alternativa. Um dia Jesus perguntou aos discípulos se queriam desistir de o seguir. Pedro devolveu a pergunta a Jesus "[mas se desistirmos de te seguir] Para quem iremos nós?" (João 6: 67-68). Esta pergunta retórica soa-me a qualquer coisa como "Mas qual é a alternativa?". Sou cristão porque necessito de redenção e reconciliação com Deus e porque a graça do Pai, expressa através da vida e do sacrifício de Jesus, é o caminho para essa reconciliação. Não há alternativa. E a graça não é algo de que me possa orgulhar. Não há qualquer laivo de mérito próprio envolvido no processo de reconciliação com Deus. É um favor 100% imerecido que o Pai dá a um filho maltrapilho.
Ser cristão não é algo de que eu me possa orgulhar. Digo até mais: ser cristão não é uma escolha, porque na verdade não tenho alternativa. Um dia Jesus perguntou aos discípulos se queriam desistir de o seguir. Pedro devolveu a pergunta a Jesus "[mas se desistirmos de te seguir] Para quem iremos nós?" (João 6: 67-68). Esta pergunta retórica soa-me a qualquer coisa como "Mas qual é a alternativa?". Sou cristão porque necessito de redenção e reconciliação com Deus e porque a graça do Pai, expressa através da vida e do sacrifício de Jesus, é o caminho para essa reconciliação. Não há alternativa. E a graça não é algo de que me possa orgulhar. Não há qualquer laivo de mérito próprio envolvido no processo de reconciliação com Deus. É um favor 100% imerecido que o Pai dá a um filho maltrapilho.
Além disso, há um contra-senso grotesco quando nos orgulhamos de ser cristãos. Vejamos...
É natural (embora perigoso) orgulharmo-nos de coisas que fazemos bem. Se temos boas notas na escola é natural que a aprovação que recebemos dos nossos amigos, família e professores faça brotar em nós uma ponta de orgulho. Se temos talento nalguma área específica como a música e o desporto (e a matemática, porque não?!) a admiração que granjeamos com os nossos desempenhos também nos leva a inchar e a ficar feios como os sapos. Em resumo, a sociedade tolera e até promove o orgulho, quando este surge como consequência de um bom desempenho na tarefa que nos propomos realizar. Ora se nos orgulhamos de ser cristãos, a ideia subjacente é que somos bons nessa tarefa, que somos bons seguidores de Cristo. Mas caramba! vamos lá a chamar os bois pelos nomes: em geral nós (com algumas felizes excepções) somos péssimos seguidores de Cristo (e isto para mim é tão evidente que nem me vou dar ao trabalho de argumentar)! Portanto estamos a orgulhar-nos de uma coisa na qual somos péssimos... É ou não é um contra-senso?
Aos meus ouvidos e aos ouvidos de muitos não-cristãos, ouvir alguém a orgulhar-se de ser cristão soa a arrogância. Acredito que quem fundou o grupo no facebook não tivesse intenção de soar arrogante. Aliás, deve ter sido fundado com uma aparentemente boa intenção: encorajar os cristãos a desfraldarem a bandeira do cristianismo. No entanto eu não creio que o cristianismo deva ser exibido com orgulho, mas com humildade, sabendo que tudo aquilo que somos é pela graça. E se queremos desfraldar a bandeira do cristianismo podemos e devemos fazê-lo trocando as palavras por actos de amor. Em vez de usarmos os púlpitos das igrejas para fazermos discursos inflamados (ou o facebook para criar grupos de valor duvidoso), podemos usar os braços para amparar quem está só ou em sofrimento, os recursos para suprir necessidades dos necessitados, o amor e a graça que Deus derramou em nós para responder à injustiça e ao ódio.
Há pouco tempo aderi a um outro grupo no facebook chamado "sou evangélico(a) (ou simpatizante), mas não é por mal!". Se calhar estes dois grupos até servem propósitos semelhantes. Mas as palavras escolhidas são diferentes e sugerem uma motivação diferente, uma ideia-base diferente para o grupo. Talvez vejam esta minha opinião como uma picuinhice exagerada e desnecessária, com vestígios de fundamentalismo. Talvez seja uma opinião altamente criticável e é provável que possam contrapor-lhe sem esforço algumas críticas bem mandadas. Aceito que digam que eu estou a levar demasiado à letra algo que talvez se resuma a uma escolha infeliz de palavras. Porém eu acho que é preciso ter cuidado com estas coisas, para não distorcermos ainda mais aquilo que é afinal o cristianismo. E também porque talvez esta escolha de palavras não seja apenas infeliz, mas um reflexo de um problema mais grave que invadiu as igrejas como uma praga, a arrogância. Felizmente, a tendência da igreja emergente é abrir mão dessa arrogância e optar por uma terapia de graça e humildade! Talvez os passos que demos nesta terapia sejam ainda poucos e ainda indecisos, meio aos tropeções... Mas não queiram voltar atrás, por favor!!!
E lembrem-se: "Há mulher de César não basta ser séria"... E agora, se me dão licença, I rest my case.
É natural (embora perigoso) orgulharmo-nos de coisas que fazemos bem. Se temos boas notas na escola é natural que a aprovação que recebemos dos nossos amigos, família e professores faça brotar em nós uma ponta de orgulho. Se temos talento nalguma área específica como a música e o desporto (e a matemática, porque não?!) a admiração que granjeamos com os nossos desempenhos também nos leva a inchar e a ficar feios como os sapos. Em resumo, a sociedade tolera e até promove o orgulho, quando este surge como consequência de um bom desempenho na tarefa que nos propomos realizar. Ora se nos orgulhamos de ser cristãos, a ideia subjacente é que somos bons nessa tarefa, que somos bons seguidores de Cristo. Mas caramba! vamos lá a chamar os bois pelos nomes: em geral nós (com algumas felizes excepções) somos péssimos seguidores de Cristo (e isto para mim é tão evidente que nem me vou dar ao trabalho de argumentar)! Portanto estamos a orgulhar-nos de uma coisa na qual somos péssimos... É ou não é um contra-senso?
Aos meus ouvidos e aos ouvidos de muitos não-cristãos, ouvir alguém a orgulhar-se de ser cristão soa a arrogância. Acredito que quem fundou o grupo no facebook não tivesse intenção de soar arrogante. Aliás, deve ter sido fundado com uma aparentemente boa intenção: encorajar os cristãos a desfraldarem a bandeira do cristianismo. No entanto eu não creio que o cristianismo deva ser exibido com orgulho, mas com humildade, sabendo que tudo aquilo que somos é pela graça. E se queremos desfraldar a bandeira do cristianismo podemos e devemos fazê-lo trocando as palavras por actos de amor. Em vez de usarmos os púlpitos das igrejas para fazermos discursos inflamados (ou o facebook para criar grupos de valor duvidoso), podemos usar os braços para amparar quem está só ou em sofrimento, os recursos para suprir necessidades dos necessitados, o amor e a graça que Deus derramou em nós para responder à injustiça e ao ódio.
Há pouco tempo aderi a um outro grupo no facebook chamado "sou evangélico(a) (ou simpatizante), mas não é por mal!". Se calhar estes dois grupos até servem propósitos semelhantes. Mas as palavras escolhidas são diferentes e sugerem uma motivação diferente, uma ideia-base diferente para o grupo. Talvez vejam esta minha opinião como uma picuinhice exagerada e desnecessária, com vestígios de fundamentalismo. Talvez seja uma opinião altamente criticável e é provável que possam contrapor-lhe sem esforço algumas críticas bem mandadas. Aceito que digam que eu estou a levar demasiado à letra algo que talvez se resuma a uma escolha infeliz de palavras. Porém eu acho que é preciso ter cuidado com estas coisas, para não distorcermos ainda mais aquilo que é afinal o cristianismo. E também porque talvez esta escolha de palavras não seja apenas infeliz, mas um reflexo de um problema mais grave que invadiu as igrejas como uma praga, a arrogância. Felizmente, a tendência da igreja emergente é abrir mão dessa arrogância e optar por uma terapia de graça e humildade! Talvez os passos que demos nesta terapia sejam ainda poucos e ainda indecisos, meio aos tropeções... Mas não queiram voltar atrás, por favor!!!
E lembrem-se: "Há mulher de César não basta ser séria"... E agora, se me dão licença, I rest my case.
3 comentários:
Bem...entre o orgulho e o excesso de zelo venha o diabo e escolha.
Se calhar deviam chamar ao grupo "Sou Cristão, e não tenho problemas em assumir".
O problema aqui está no excesso de peso na palavra orgulho.
Mas, por outro lado, esse excesso de peso é o que distingue um cristão de um cego fanático... bem perto do "sem vontade própria", que é algo condenável em alguns "cristãos"
Não é o nome que faz o grupo mas as pessoas e as suas acções... vê quais os objectivos do grupo, o que é que pretende, e se calhar assim possas ser um bocadinho mais flexível.
Mas alto lá : concordo com tudo o que escreveste, e a natureza do grupo pode ser mesmo um pouco hipócrita... não os julgues só pelo nome... Sê um bocadinho flexível.
Carlos eu assumo que talvez seja uma picuinhice minha e que esteja a ser demasiado inflexível. Mas é como disse no texto: não é só a escolha das palavras que me preocupa, nem a motivação do grupo, mas também a possibilidade de isto ser um reflexo de um problema mais grave, um reflexo de uma atitude arrogante por parte dos cristãos. E eu sei do que estou a falar porque convivo frequentemente com essa atitude. Aliás, eu próprio tenho que ter cuidado para não ceder a essa atitude.
Em relação ao grupo em si, dei uma vista de olhos e não gostei do que vi. Por muito bem intencionado que seja, a verdade é que há quem se esteja nas tintas para as intenções. Talvez movidos pelo nome do grupo ou talvez apenas por intolerância e maldade, há gente a aproveitar-se do grupo para propaganda anti-cristã e pró-gay:
http://www.facebook.com/search/?q=i%27m+a+christian+&init=quick#!/photo.php?pid=11687&op=1&o=global&view=global&subj=78285229798&id=100000849842035&fbid=100502143321447
Como vês, não me parece que se ganhe alguma coisa com isto!
Sabes... o facebook, o twitter e sítios online onde as pessoas dizem o que pensam, começam a preocupar-me.
Para começar há muita gente que simplesmente não sabe o que diz.
"Liberdade de expressão?"- Bem... eu começo a concordar com alguma censura.
Então os pró-gays... pá, custa assim tanto a aceitar que não podemos ser uma sociedade homogénea e não podemos partilhar todos os mesmos valores?
Vou ter de aceitar os valores dos outros porque "estão na moda"?
Porque me estão a ser impostos pelos media?
Isso faz de mim intolerante?
Eu não tenho nada contra eles, apenas espero que compreendam que não partilho dos mesmos valores, da mesma forma que não temos todos as mesmas opiniões.
Outro exemplo foi o temporal na Madeira. Mal houve o sismo no Haiti toda a gente começou a ser solidária.
Mas na Madeira começaram logo a falar mal das construcções dos planos de ordenamentos de território, do Alberto João, que devia demitir-se "de presidente da câmara"...
Na Madeira só existem montanhas e vales (vamos esquecer o Paul da Serra). As construcções têm de ser feitas como são.Virem apontar para uma obra qualquer e dizer "aquilo nunca devia ter sido construído" é de uma estupidez e desconhecimento total. Mais, todas as décadas a Madeira é assolada pelo menos por um grande temporal, mas nos últimos 100 anos não há registo de uma coisa tão monstruosa.
Para os outros somos solidários, para nós, até temos culpa!
A chuva (melhor...trombas de água) são fenómenos tão naturais como os sismos.
Se há um ou outro caso de má construcção, não é o caso geral.
Já estamos naquela ilha há 500 anos! Conhecemo-la melhor que tipos que só lá vão fazer turismo e fazem críticas como se estivessem a falar do território continental português.
Os grupos do facebook (e companhia), em geral são mal administrados, e permitem que disparates e ideias bem anormais e algumas prejudiciais à natureza humana ganhem simpatizantes.
Liberdade de expressão?
As pessoas são livres de pensar, mas a humanidade actual não tem bom senso, e actualmente está a perder valores... tornando-se num monstro prejudicial a si mesmo.
Muitas vezes apetece-me dizer:
"Metam os vossos arrogantes argumentos num lugar que eu cá sei...essas ideias nem sequer são vossas. Foram plantadas nas vossas pequenas mentes por um palerma qualquer, que se calhar não é melhor do que vocês."
Mas isso se calhar tornar-me-á num a espécie de moralista que se calhar nem tinha moral para abrir a boca.
"Orgulho de ser cristão"?
As pessoas são maus seres humanos, e ainda piores cristãos, e têm orgulho nisso?
Eu concordo contigo: aquele é o pior título que se pode dar a um grupo...
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