7.7.10

O fraco (poema revisitado)


O FRACO

Impotente para travar
o destino

que ele próprio vai desenhando,

continua a
esfaquear
os preciosos sonhos.
Continua a insistir

nas derrotas
auto-infligidas.
O som dos grãos de areia
que deslizam

na ampulheta da vida
torna-se sufocante.
Com raiva,

ele diz todos os dias que

«Amanhã!»

Mas... é «hoje»!

O segredo é conjugar a vida
no presente!


D.R.

Uma vez escrevi isto e desde então tenho muitas vezes a sensação de que este poema (se é que se pode chamar poema) é autobiográfico. Porque desconfio que a cobardia é um dos meus maiores vícios. Fugir dos conflitos nos quais tenho o dever de me envolver traz-me muitos dissabores. E este hábito tão enraizado em mim põe até em causa a minha integridade. Corro o risco de atropelar os princípios éticos pelos quais tento reger a minha vida. (Aliás, consigo olhar para trás e perceber que já os atropelei em algumas ocasiões, de formas que hoje me entristecem.)

Como remate deste post e complemento do post anterior, o que posso dizer, pela minha experiência, é que o mundo é uma confusão do caraças e eu sou uma pessoa fraca cuja tendência é fazer parte do problema e não da solução. Citando o Don Miller: "I am the problem". Felizmente tenho um Pai que é dono de toda a Força e o meu propósito, como cristão, é que a cada dia que passa eu seja mais parte da solução e menos parte do problema por intermédio da relação com o Pai. Não é um processo imediato nem linear e às vezes dou por mim a recuar violentamente, em vez de avançar destemido e com coragem. Mas com mais ou menos recuos, este é "o" processo.

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