1.12.10

That's it

Parecem já distantes aqueles anos em que eu devorava os livros que a minha mãe herdou do seu tempo de jovem. Livros que contam relatos de vidas transformadas por Deus. Vidas transformadas porque pessoas comuns se disponibilizaram para serem instrumentos do amor de Deus ao serviço dos outros. Livros que eu lia até altas horas da madrugada num misto de temor e de lágrimas. Lágrimas que teimavam cair sem que eu compreenda porquê. Conheço bem essas lágrimas. Acompanhadas de uma torrente de emoções que me invade sempre que leio ou ouço este género de relatos. Não as sei explicar. É como se no meu íntimo eu soubesse que ali, naqueles relatos, reside o propósito da vida: sermos transformados e sermos usados para transformar outros. É como se aqueles relatos fossem a prova do poder fantástico que a graça de Deus tem ainda hoje. É como se eu soubesse que não há nada mais bonito e mais maravilhoso do que uma pessoa atingida por esta graça extraordinária. É como se eu soubesse que eu careço dessa graça mais do que de qualquer outra coisa. Mas tudo isto ficava guardado algures nos lugares inacessíveis do meu coração sem que eu o conseguisse verbalizar, até porque naquela altura eu não conhecia o conceito de 'graça'. Nem o conceito nem a graça propriamente dita.

Eu tinha acabado de sair da infância, a idade da inocência e das colecções de livros de aventuras. Começar a ler as tais relíquias da minha mãe foi, de certa forma, um choque. Não era fácil digerir todos aqueles relatos e na altura eu era demasiado tímido para partilhar as dúvidas e a perturbação que eles causavam. De qualquer forma acredito que estes livros alisaram o terreno para construir os alicerces da minha fé.

Mas essa construção não foi um processo nada linear. O Deus que eu conheci na minha adolescência estava amarrado a uma série de regras. O Jesus que eu conheci era uma figura quase éterea, um salvador distante que parecia ter pouco a dizer acerca da vida dos homens de carne e osso. Já disse isto muitas vezes: é provável que não seja justo atribuir culpa a quem quer que seja; é provável que eu tenha tido bons amigos e bons professores que me falaram no Deus de amor e na sua graça. É bastante provável que eu é que tenha sido um mau aluno. Um aluno cujo discernimento estava toldado por pensamentos contraditórios, por conflitos profundos que se avolumavam à medida que eu atravessava os anos turbulentos da adolescência, com tudo o que esses anos implicam.

Desde criança senti uma necessidade profunda de redenção para os meus erros, mas uma redenção que fosse exterior a mim próprio. Uma redenção que não dependesse de uma pessoa tão falível e tão frágil como eu. Jesus oferece essa redenção e, porque ela faz todo o sentido na minha vida, nunca me senti tentado a abandonar totalmente a fé. Mas durante a minha adolescência concebi uma imagem de Deus extremamente limitada, uma cosmovisão extremamente pobre e contraditória e uma vida que raramente correspondia à promessa de vida abundante que Jesus faz. Por isso a minha fé era constantemente abalada.

As doutrinas que aprendi pareciam-me inúteis e incompreensíveis. O "meu" cristianismo, profundamente afectado pelo legalismo, parecia-me uma prisão. Era uma espécie de "código da estrada" cinzento e tristonho. As escolhas que fiz muitas vezes não foram as melhores e isso também contribuiu para o avolumar da confusão. Ainda por cima, a minha timidez adensou-se e obrigou-me a guardar as minhas batalhas mentais para mim próprio.

Mesmo assim fui conhecendo pessoas que me ajudaram a manter a esperança. Ajudaram-me a acreditar que havia algo mais... Já na faculdade, sobretudo depois dos 20 anos, iniciei uma busca por respostas satisfatórias. Uma procura de sentido para a vida cristã que eu tinha abraçado desde criança, mas que me parecia agora muito incoerente. Lentamente essas respostas começaram a surgir. Foi um processo doloroso e angustiante. Mas acredito que foi um processo supervisionado por Deus.

Este blogue foi sempre uma tentativa de registar as batalhas que travei na minha mente dificílima de acalmar e as conclusões a que cheguei. Nunca foi uma tentativa de vos convencer de que as minhas conclusões eram acertadas. Foi antes uma tentativa de me convencer a mim próprio. Foi uma espécie de diário de bordo da viagem que fiz durante estes anos. Uma viagem penosa, como escalar uma montanha íngreme. Mas isso agora já não tem importância porque no topo da montanha a vista é deslumbrante.

Há uns dias estava a falar com um amigo e disse-lhe que passei os últimos anos a construir a minha própria teologia sistemática. Isto pode parecer presunção e eu reconheço que, em rigor, é uma afirmação imprecisa. Os meus conhecimentos de teologia continuam a ser elementares. Mas é verdade que durante estes anos abri mão de doutrinas e preconceitos e passei a apoiar a minha fé em princípios teológicos que assentam na graça e que dão muito mais sentido à minha vida. E o que é fixe é que estes princípios teológicos têm efeitos práticos, apontam para um caminho fascinante e têm pouco ou nada a ver com o "código da estrada" com o qual eu confudia o cristianismo.

Durante os últimos anos, sobretudo os últimos dois anos, fiz descobertas estonteantes. Descobri que Deus me ama. Mesmo! Descobri que a Bíblia é muito mais rica do que eu julgava. Descobri que as coisas que Jesus disse foram dirigidas a humanos de carne e osso e têm aplicação nas nossas vidas. Construí uma cosmovisão - uma forma de responder às grandes questões sobre a vida e sobre o mundo à nossa volta - muito mais rica e colorida. Reaprendi a orar, a falar com Deus, a expôr-me diante dele sem medo. E percebi também que nunca vou ter respostas para todas as perguntas. Percebi que Deus tem mistérios inescrutáveis que a minha mente limitada nunca vai conseguir resolver. E é aí que entra a fé, um elemento essencial da vida cristã.

Não posso prever o futuro e sei que continuo a ser extremamente falível. Sei que ainda há muitas montanhas por escalar. Mas sei também que não quero abrir mão do cristianismo radical que encontrei nos últimos anos. Encontrei um Jesus revolucionário, desconcertante e apaixonante que deu a volta e continua a dar a volta ao meu coração. E é assim que tem que ser. Não quero nada menos do que isto. Quero que Jesus continue a parecer-me revolucionário durante toda a minha vida. Quero sentir-me continuamente desafiado por Ele. Desafiado para questionar o mundo, para me questionar a mim próprio, para não cair no conformismo. Desafiado para fazer da minha vida uma história bonita. Durante demasiado tempo encarei a vida como uma luta dura. Hoje, depois de chegar ao topo desta montanha, encaro a vida como uma luta bonita. Não deixa de ser uma luta. Uma luta contra o meu egocentrismo e contra as minhas tendências comodistas. Mas é uma luta bonita quando travada sob a orientação e a luz de um Deus que é especialista em criar coisas bonitas!

É provável que não volte a escrever neste blogue porque me parece que este é um capítulo encerrado. Mas é possível que um destes dias volte a ter tempo para escrever algures por aí, porque o bichinho da escrita continua bem vivo.

Por agora, é tempo de arregaçar as mangas e de mergulhar de cabeça nesta luta bonita.

«My faith was torn to shreds
Heart in the balance
And You were there

Always faithful, always good
You still have me
You still have my heart»

13.10.10

A multidão

Porque a salvação é pela graça através da fé, creio que entre a incontável multidão em pé diante do trono e do Cordeiro, trajando vestes brancas e trazendo folhas de palmeira nas mãos (Ap 7:9), verei uma prostituta do Kit-Kat Ranch em Carson City, Nevada, que com lágrimas nos olhos disse-me que não tinha sido capaz de encontrar outro emprego para sustentar o seu filho de dois anos e meio. Verei a mulher que fez um aborto e é assombrada pela culpa e pelo remorso, mas que fez o melhor que podia diante de alternativas cruéis; o homem de negócios assediado pelas dívidas que vendeu sua integridade numa série de transacções desesperadas; o clérigo inseguro viciado em aprovação, que nunca desafiou sua congregação do púlpito e ansiava por amor incondicional; o adolescente que foi molestado pelo próprio pai e agora vende o seu corpo nas ruas e que, antes de dormir a cada noite depois do seu último "michê", sussurra o nome do Deus desconhecido a respeito do qual ouviu falar na Escola Dominical; aquela pessoa que por décadas comeu e se lambuzou, quebrou cada lei de Deus e dos homens, chafurdou na lascívia e violentou a terra, e converteu-se no seu leito de morte.

"Mas como?", perguntamos. A voz então diz: "[Eles] lavaram as suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro".

Ali estão eles. Ali estamos nós - a multidão que queria ser fiel, que por vezes foi derrotada, maculada pela vida e vencida pelas provações, trajando as roupas ensanguentadas pelas tribulações da vida, mas, diante de tudo isso, permaneceu apegada à fé.

Meus amigos, se isso não lhes parece boa nova, vocês nunca chegaram a compreender o evangelho da graça.

O Evangelho Maltrapilho
Brennan Manning

A graça é o pilar da minha vida. É dela que eu dependo. É sob o fundamento da graça que eu construo o meu futuro e a minha fé. De vez em quando sinto necessidade de revisitar os arautos da graça. Os livros de Brennan Manning e Philip Yancey que me ajudaram a compreender e a mergulhar no evangelho da graça. Nos últimos dias senti essa necessidade... E quando volto a ler acerca da graça radical do Pai fico sempre surpreendido. Deus só pode ser um Deus muito fixe para amar tanto assim um maltrapilho como eu.

17.9.10

Como já notaram, não tenho escrito nada. E é provável que continue sem escrever nos próximos tempos. Agora é só matemática, gbu, matemática, ler, matemática, futebol, matemática, igreja, matemática, facebook, matemática... Percebem a ideia?

Este ano vou ter muito trabalhinho no gbu. Foi preciso chegar ao doutoramento para me envolver mesmo a sério com o gbu. Fui mesmo parvo. Mas estou muito feliz por ter esta nova oportunidade! Só que o trabalho do doutoramento aperta e com todas estas coisas sobra-me pouco tempo. Estou a aprender a dizer não às pessoas quando elas me pedem coisas que ocupam muito tempo. Custa bué. Mas o tempo não estica e há que ter prioridades. Quem me dera ser como o Marcelo Rebelo de Sousa e dormir só 4 ou 5 horas por noite...

Por falta de tempo, o blogue dificilmente será actualizado com frequência. Quando houver coisas relevantes para partilhar e tempo para escrever, aparecerão aqui coisas novas. Mas, por agora, escrever não é uma prioridade.

Na falta dos meus textos, sugiro-vos que passem pelos sites que leio habitualmente e que estão aqui listados à direita. Em particular, sugiro que leiam as excelentes crónicas que a Bianca tem escrito sobre as suas aventuras na Guiné.

Até breve (ou talvez não!) =)

7.9.10

O lume



«E esse lume já ninguém pode nunca apagar dentro de ti»

Por estes dias é isto que ouço. E ao mesmo tempo estou a tentar perceber se é por masoquismo ou é por convicção que ando a ouvir isto repetidamente...

6.9.10

To be a christian in a postmodern world

Gosto tanto disto:

«How are you to adress this world with the gospel of Jesus? You cannot just hurl true doctrine at it. You will either crush people or drive them away. That is actually not a bad thing, because mission and evangelism were never actually meant to be a matter of throwing doctrine at people's heads. They work in a far more holistic way: by praxis, symbol and story as well as what we think of, in a somewhat modernist way, as "straightforward" exposition of "truth". I am reminded, too, of the power of symbolic praxis to go beyond words when I think of one of the greatest ballerinas of all time. After one of her great performances somebody had the temerity to ask her what the dance meant. Her reply was simple and speaks volumes to us as we consider mission in the postmodern world. "If I could have said it," she said, "I wouldn't have needed to dance it."
(...)
We must therefore get used to a mission that includes living the true Christian praxis. Christian praxis consists in the love of God in Christ being poured out in us and through us. If this is truly happening, it is not damaged by the postmodern critique, the hermeneutic of suspicion. »

by N.T.Wright in The Challenge of Jesus

1.9.10

Redescobrir Jesus


"The return of YHWH to Zion, and the Temple-theology which it brings into focus, are the deepest keys and clues to gospel christology. Forget the "titles" of Jesus, at least for a moment; forget the attempts of some well-meaning Christians to make Jesus of Nazareth conscious of being the second person of the Trinity; forget the arid reductionism that some earnest liberal theologians have produced by way of reaction. Focus, instead, on a young Jewish prophet telling a story about YHWH returning to Zion as a judge and redeemer, and then embodying it by riding into the city in tears, symbolizing the Temple's destruction and celebrating the final exodus. I propose, as a matter of history, that Jesus of Nazareth was conscious of a vocation: a vocation, given him by the one he knew as "father", to enact in himself what, in Israel's scriptures, God had promised to accomplish all by himself. He would be the pillar of cloud and fire for the people of the new exodus. He would embody in himself the returning and redeeming action of the covenant God."

by N.T.Wright in The Challenge of Jesus

Ando a ler este livro e tenho que confessar que é das coisas mais pesadas que já li. Mas recompensa! É a contextualização dos evangelhos aprofundada com muito rigor, sem fugir às questões que os pensadores seculares levantam, mas também sem fugir à Bíblia. Nalguns pontos o autor toca em questões muito delicadas. Por exemplo, o excerto que transcrevi aparece num capítulo cujo objectivo é responder à pergunta: será que Jesus, o homem, tinha ou não a consciência de que era Deus? A proposta de N.T.Wright para responder a esta questão era capaz de chocar muito boa gente. Mas pelo menos está bem fundamentada, é coerente, dá uma perspectiva refrescante do evangelho e foge ao simplismo com que habitualmente tratamos estas questões nas igrejas.

Se lermos as palavras de Jesus e interpretarmos os seus actos à luz da religião judaica do 1º século, passamos a conhece-lo melhor. A contextualização não resulta em teologia barata e irrelevante (eu não gostava de teologia porque não lhe reconhecia relevância e, de facto, há muita teologia irrelevante). A contextualização resulta em teologia que nos transporta até à raiz do evangelho, até à essência da mensagem de Jesus. E há medida que vou percebendo essa mensagem, mais fascinante Jesus se torna e mais apaixonado estou por Ele!

25.8.10

The Room of Grace

«Resolving sin is only the starting point of life in The Room of Grace. God's final objective for us is not resolving sin or "getting well". God's ultimate goal is maturing us into who he says we are, and then releasing us into the dreams he designed for us before the world began. That's where all of this is going. That's what has awakened your hope When we swim in the ocean of God's grace, we can't help but respond with playful abandon. We will grin, laugh, and splash around. We will burst into song at inappropriate times, dance, play, serve, fall on our knees in worship, give our lives away, and embrace each other. We'll sin less. We'll love more. We are free. And, we'll naturally think about others. We'll sacrifice to reach to the lonely, the lost, the helpless, the forgotten. Everything, everything seems fresh, vibrant - alive. We find ourselves pausing in the middle of a busy day, shaking our heads and whispering, "Go figure... me.".»

Excerto de um livro chamado Truefaced, de Bill Thrall, Bruce McNicol e John Lynch.

É uma Apologia da Graça. Tão radical que até custa acreditar e, às vezes, até parece perigoso aceitá-la.

Não sei se vivo in The Room of Grace, nem sei se alguma vez lá estive... Desconfio que pelo menos já andei lá a espreitar à porta. É atraente não é? Viver sem que tenhamos que esconder a nossa verdadeira cara, livres das nossas máscaras, sem medo de expor os nossos defeitos e as nossas necessidades... E, ao mesmo tempo, sermos suportados por um ambiente de Graça que nos permite dar a Deus e aos outros o tempo e espaço necessários para eles nos ajudarem a sarar as nossas feridas e as nossas lutas contra o pecado. E, a julgar pelo que os autores do livro dizem, o processo não fica por aí. O objectivo final é o amadurecimento que nos leva a uma vida fascinante. A vida abundante da qual Jesus falou...

Não era fixe se cada igreja fosse um Room of Grace?

They may say I'm a dreamer, but I'm not the only one.

24.8.10

Insónia



É demasiada confusão acumulada numa cabeça que gira a mil à hora à procura de respostas, mas o melhor que consegue é somar dúvidas, perguntas, dilemas, encruzilhadas...

23.8.10

Holydays reflections #3 Party

"Queremos tambores e guitarras
Voando nas ruas
Com a alegria da vida
Que não devia ter fim"

Joaquim de Almeida (poema completo aqui, letra de uma bonita música do Luís Represas - versão com fraca qualidade aqui)

It was 1 a.m. and we had just enjoyed ice creams and waffles at a very nice ice cream shop in the center of Armação de Pêra. We were walking through its central avenue when we noticed how remarkably beautiful was the effect that the moonlight created on the sea. We couldn't resist to walk towards the sea, take off our shoes and step into the seaside. We imagined how it would be if the reflection of the moonlight in the sea were a path leading to another world... At this point I recalled that movie called Truman Show, one of the weirdest movies I have seen. Funny and full of philosophical meaning. Many of us live trapped in some kind of Truman Show. At least temporarily or in some areas of our lives. May we find a way out of it! May we find the courage to travel to the horizon, to the unknown world...

There was a fancy bar at the beach, near the place where we were standing. We could listen to the music that came from that bar. So we started dancing. I don't know how to dance. But I danced that night. We were just jumping around, moving our bodies and laughing like crazy. Letting ourselves be invaded by this wild joy that we are often unable to feel in our daily lives.

I think that human life was designed to be a party. If this world were perfect, if we were perfect, then we should rejoice through life just like happy children with no worries or fears. However, our broken nature originates pain and chaos in our lifes and we are fools and negligents if we continually ignore it. So life can still be a party, but it's a different kind of party. A party where we will drink from the cup of sadness and pain but we may also drink from the source of grace and hope. Sometimes with tears in our eyes and other times with a smile in our face...

And, as we live this strange party, there is, perhaps, a growing longing for another kind of party. The kind of party for which we were designed, the kind of party that is described in the final part of the book of Revelation.

«And I heard a loud voice from the throne saying, "Now the dwelling of God is with men, and he will live with them. They will be his people, and God himself will be with them and be their God. He will wipe every tear from their eyes. There will be no more death or mourning or crying or pain, for the old order of things has passed away."» Revelation 21:3-4

The deep desire that we feel for something better, for another kind of world and another kind of life is, perhaps, just this loud voice echoing in our souls... And although we can't celebrate all the time we should allow ourselves some moments of wild joy and crazy celebration.

Perhaps the joy that four young friends experience as they dance and laugh at the seaside under a magnificent moonlight at 1 a.m. is just a glimpse of the Perfect Celebration that we shall attend someday.



P.S. I don't know why I am writing this reflections in english. Perhaps its because they are based on my holidays thoughts and I spent those holidays in Algarve, a land whose natives speak mostly english :P

22.8.10

Holidays reflections #2 Truth

Now I realize that there are a lot of things that people taught me while I was growing up that aren't true. And that makes me question every little bit of the teachings I was given. Sometimes I even wonder if there is any truth at all in those teachings. And the famous Pilate's question soars in my mind: "What is truth?". Let's be honest about this: there is a lot of stuff that people consider to be the truth or part of the truth that are relative. We must be careful when we generalize propositions about life, about God, about people. If we don't understand that human truths are often boxed in our cultural heritages and social contexts, we will never enjoy the gift of diversity, we will continue to create wars on subjects that don't deserve so much attention... and we will continue to lose what should be our focus as christians.

From the above paragraph one can conclude that I am quite open-minded when it comes to assuming some post-modern relativist ideas. Even so, the question remains: is there any absolute truth? Can we find an absolute basis for our moral values and our ethic choices? I do believe that there is an absolute truth. However, I don't think that truth can ever be perfectly expressed through some kind of dogmatic propositions. Instead, the Truth is expressed by a man - not a common man, but the human expression of God: Jesus Christ. And how can Jesus help us to distinguish between the real truth that we need for living in integrity and the lies and misunderstandings we are told by influential people and influential media? This is something that comes through a relationship with Him, a relationship that must be lived both as individuals and as a community, a relationship that requires faith, that is based on love and hope and whose goal is the transformation of character to become more like Him.

Therefore, as a christian my main focus should be to know Jesus Christ, rather than score points on debates such as evolution vs creationism, protestants vs catholics, liberals vs conservatives and so on...

What I really need is to know the Truth! I recognize that my made up human-truths are not enough (perhaps are not even true) and that I need to drink from the source of Perfect Truth.

And I am so thirsty... I need You desperately!

"Then you will know the truth, and the truth will set you free." John 8:32



20.8.10

Holidays reflections #1 Love and pain

Everybody wants to love and to be loved.
Everybody wants to avoid pain like the plague.
What we don't realize is that, in practice, love and pain are often one and the same thing.

And Jesus is the best example!

30.7.10

Frustração

Já disse que gosto muito dos livros do Donald Miller e do Shane Claiborne. E também já devo ter falado por aqui dos livros do Tony Campolo e do Brennan Manning. Pois bem, anda um gajo no youtube na sua vida e depara-se de vez em quando com vídeos nos quais pessoas que se dizem cristãs acusam estes escritores de serem hereges, de não serem realmente cristãos, de porem em causa uma ou outra doutrina da Bíblia e por aí fora...

Até encontrei um vídeo que satiriza a igreja emergente e o autor deve achar que tem muita piada, mas a mim só me dá vontade de chorar...
http://www.youtube.com/watch?v=wD1voJYenQE

O que é que um gajo há-de pensar disto? A mim dá-me ideia que se estas pessoas conhecessem o próprio Jesus também o iam acusar de não ser um verdadeiro cristão...

Isto é tão triste e torna as coisas tão confusas...
Isto desanima tanto...

28.7.10

People of God



we could have tongues of angels
we could move mountains with our faith
we could give everything away
but if we don't have love
we're left with nothing

we could see blind eyes opened
know all the mysteries of our faith
we could sing all the highest praise
but if we don't have love
we're left with nothing

people of God rise up
rise up and shine God's love
we are the light of the world
of the world oh
we are the light of the world
of the world oh

love is the what holds it all together
love never fails, it never dies
there is no deeper truth
we know that God is love, our God is love
tear down the walls that divide us
let love rebuild and unite us
all we need is
all we need is love


People of God, by Gungor

como uma espécie de prolongamento do último texto

27.7.10

He roots for everyone



Esta letra dá que pensar. Reflecte uma postura agnóstica, algo que também dá para notar noutras músicas da Nerina Pallot (ainda que esta letra não seja sua). Essa tendência para o agnosticismo é particularmente evidente nas linhas:

"Cause I don't know if you exist
Or if I even care."


Mesmo assim ela canta uma canção dirigida a um Deus que ela não sabe se existe... mas que gostava que existisse:

"But when I lay me down
I'd like somebody there"


Julgo que esta letra expressa o desencanto de muita gente em relação à religião. Uma religião definida pelas regras e por uma espiritualidade redutora que muitas vezes é demasiado centrada no invisível, numa guerra de doutrinas, sem interferência nas coisas práticas da vida e sem relevância para o mundo caótico em que vivemos.

"Not that sentimental fairytale
To keep us in our place"


E os cristãos têm muita culpa pelo estado actual das coisas. Quando estava a chegar o momento em que Jesus seria traído e entregue aos romanos para ser crucificado, Ele teve a preocupação de deixar aos seus discípulos algumas instruções finais e, nessas instruções, Ele reforçou muito uma coisa: o amor entre os discípulos! "Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros." (João 13:34 e 35)

Nunca estudei a hermenêutica dos evangelhos, mas talvez não seja preciso um estudo aprofundado para concluir que aquilo que Jesus diz aqui é que as pessoas à nossa volta vão conhecer o amor de Jesus através do amor dos cristãos uns pelos outros. A Igreja deve ser uma comunidade onde a graça, o amor e a união se tornem visíveis e de tal forma atraentes que as pessoas à volta não possam resistir a juntar-se a nós.

Mas será que temos vivido esta instrução de Jesus? Ou será que a Nerina tem razão quando canta

"All your people do these days
Is argue, fuss and fight
And they fuss some more
And wipe the blood and say
'At least we know we're right'"

Não temos nós demasiadas vezes semeado conflitos em vez de semear graça? Não estamos nós mais preocupados em afirmar as nossas certezas em vez de vivermos como Jesus nos ensinou? É para reflectir... Que possamos arregaçar as mangas para trabalhar unidos, em vez de usar os dedos para apontarmos os supostos erros dos outros...

Gosto muito do final da canção que reflecte o desejo de que Deus se importe com toda a gente... Ele não é posse de um grupo de iluminados ou de um grupo de sortudos. A relação com Deus não está vedada a ninguém, não há proscritos, nem há pessoas que merecem mais do que outras. Ele deseja que TODOS se aproximem dele e experimentem a graça e o amor que Ele tem para oferecer. E é responsabilidade da Igreja viver e mostrar esse amor incondicional!

"Do you keep your blessings for the rich
The pyres and the guns
Or if you're half the man I hope
You root for everyone
You root for everyone"

Yes, He roots for everyone!

23.7.10

Espelho meu, espelho meu

Uma coisa que dá muito jeito na vida é ter um espelho que nos mostra como somos na realidade...

22.7.10

Curta

"Repent, for the kingdom of heaven is at hand"

by Jesus Christ

Segundo a wikipedia:

The Greek term for repentance, metanoia, denotes a change of mind, a reorientation, a fundamental transformation of outlook, of an individual's vision of the world and of her/himself, and a new way of loving others and the Universe.

Agora a questão que nos devia ocupar a todos, e que não é nada consensual entre os pensadores cristãos, é esta: o que significa "the kingdom of heaven is at hand"?

14.7.10

Gungor

Os Gungor, uma banda cristã para ter debaixo de olho.
Esta canção é genial. O arranjo musical é qualquer coisa... e a letra é um poema acerca da especialidade de Deus: fazer coisas bonitas a partir do pó, a partir de nós...




E aqui fica mais uma. Uma música cuja mensagem é uma verdade simples transmitida de uma forma satírica. Uma verdade bué básica - God loves everyone - mas que esquecemos constantemente.


7.7.10

O fraco (poema revisitado)


O FRACO

Impotente para travar
o destino

que ele próprio vai desenhando,

continua a
esfaquear
os preciosos sonhos.
Continua a insistir

nas derrotas
auto-infligidas.
O som dos grãos de areia
que deslizam

na ampulheta da vida
torna-se sufocante.
Com raiva,

ele diz todos os dias que

«Amanhã!»

Mas... é «hoje»!

O segredo é conjugar a vida
no presente!


D.R.

Uma vez escrevi isto e desde então tenho muitas vezes a sensação de que este poema (se é que se pode chamar poema) é autobiográfico. Porque desconfio que a cobardia é um dos meus maiores vícios. Fugir dos conflitos nos quais tenho o dever de me envolver traz-me muitos dissabores. E este hábito tão enraizado em mim põe até em causa a minha integridade. Corro o risco de atropelar os princípios éticos pelos quais tento reger a minha vida. (Aliás, consigo olhar para trás e perceber que já os atropelei em algumas ocasiões, de formas que hoje me entristecem.)

Como remate deste post e complemento do post anterior, o que posso dizer, pela minha experiência, é que o mundo é uma confusão do caraças e eu sou uma pessoa fraca cuja tendência é fazer parte do problema e não da solução. Citando o Don Miller: "I am the problem". Felizmente tenho um Pai que é dono de toda a Força e o meu propósito, como cristão, é que a cada dia que passa eu seja mais parte da solução e menos parte do problema por intermédio da relação com o Pai. Não é um processo imediato nem linear e às vezes dou por mim a recuar violentamente, em vez de avançar destemido e com coragem. Mas com mais ou menos recuos, este é "o" processo.

5.7.10

Uma espécie de Modus Tollens*

A vida é bonita.
Mas o mundo está feio e caótico.
Logo, a vida neste mundo é uma confusão... às vezes é uma confusão deliciosa, outras vezes é uma confusão horrorosa.

"Now I lay me down before I go to sleep.
In a troubled world, I pray the Lord to keep, keep hatred from the mighty,
And the mighty from the small,
Heaven help us all."





*Modus Tollens: uma das formas básicas de argumentação lógica.

30.6.10

Uma autobiografia em Cinco Parágrafos Curtos

1. Eu caminho pela rua. Há um buraco muito fundo na calçada. Caio dentro dele. Estou perdido. Fico desesperado. A culpa não foi minha. Vai demorar uma eternidade para eu sair daqui.

2. Eu caminho pela rua. Há um buraco muito fundo na calçada. Finjo que não o vejo. Caio dentro dele. Não posso acreditar que caí no mesmo buraco, mas a culpa não é minha. Vai demorar uma eternidade para eu sair daqui.

3. Eu caminho pela rua. Há um buraco muito fundo na calçada. Eu vejo-o. Mesmo assim, caio dentro dele. É um hábito. Os meus olhos estão abertos. Eu sei onde estou. A culpa é minha. Saio imediatamente.

4. Eu caminho pela rua. Há um buraco muito fundo na calçada. Eu passo ao redor dele.

5. Eu caminho por outra rua.

Portia Nelson


"How many roads must a man walk down before you call him a man?"

29.6.10

Power



"That's what the emperors had. A man stole something. He's brought in before the emperor; he throws himself down on the ground. He begs for mercy. He knows he's going to die. And the emperor pardons him. This worthless man, he lets him go."

A minha cena preferida do filme A Lista de Schindler. O conceito de poder que Schindler aqui sugere (eventualmente faria mais sentido falar em conceito de justiça) em oposição à tirania monstruosa exercida por Amon Goethe, faz-me lembrar, inevitavelmente, a dualidade entre a justiça de Deus e a justiça humana. E é magnífico que Spielberg tenha encaixado esta cena (de uma forma nada inocente, creio eu) no meio de um filme que aborda uma das páginas mais horrorosas da história da humanidade.

(Na falta de tempo e inspiração para longas divagações, o blogue passará a ter algumas curtas intervenções para não ter que ouvir a Patrícia a reclamar porque "agora estas pessoas é só facebook, já nem escrevem nos blogues!...")

26.6.10

Answers



Even though we are not supposed to fully understand life
- instead, we are supposed to fully live it -
my heart is warmed by this idea
someday we will have answers...

"someday we'll know..."

2.6.10

O sofá e a cruz


Tenho andado a pensar (sim, às vezes eu penso!)...

É possível que o desejo mais forte do ser humano seja o de alcançar conforto. Talvez eu esteja errado, mas parece-me que a sede de conforto é a principal motivação das nossas acções. Compramos tralha atrás de tralha em nome do conforto. Gerimos os nossos relacionamentos com base no que mais nos convém, no que menos atrapalha o nosso conforto. Mesmo as boas acções que fazemos são, muitas vezes, uma forma de afastar o desconforto que ameaça instalar-se na consciência.

Eu procuro o conforto muito mais do que qualquer outra coisa. Muito mais do que a liberdade, do que o amor e do que a verdade que, em teoria, são valores mais importantes para mim. Na prática, o conforto é o meu alimento e qualquer migalha que eu consiga adquirir torna-se, de imediato, o meu bem mais valioso. Mais do que um bem: é um vício. Este apego ao conforto está tão enraizado em mim e é tão inconsciente que raramente me lembro de o questionar. Nem sou capaz de identificar todos os reflexos quotidianos deste vício.

Por outro lado, eu gostava de ser cristão. E o cristianismo oferece uma resposta completa à necessidade de conforto: o meu conforto é a graça de Deus. A graça deve ser a âncora da minha vida, a única âncora. E é esta graça radical que nos concede liberdade. Liberdade no sentido proposto por Jesus, que tem um significado muito diferente da liberdade que a sociedade persegue. Ser livre passa por apagar a necessidade de vivermos para a nossa auto-satisfação... passa por abdicar do conforto. Afinal, foi isso que Jesus - o nosso maior exemplo - fez! Ele abdicou de todo o conforto para enfrentar uma sociedade que, no fim, revelou-se hostil à sua mensagem. Por fim, abdicou da própria vida, inaugurando assim um caminho alternativo para a vida do homem, um caminho que passa pela abnegação e no qual a motivação primária para as acções e palavras é a compaixão profunda pelos outros.

Impõe-se, por isso, a questão: até que ponto é que eu, enquanto cristão, devo abdicar intencionalmente do conforto oferecido pelo materialismo? Até que ponto é que eu devo lutar para alterar as motivações egocêntricas das minhas acções e dos meus relacionamentos? É certo que eu não tenho capacidade para me mudar por mim próprio. A mudança será sempre mais o resultado da transformação que eu permito que Deus faça em mim, do que o resultado do meu esforço pessoal. No entanto, devo estar receptivo a essa acção de Deus e participar nela activamente... provocá-la até!

Creio que Deus deseja moldar o carácter das pessoas, renovar a forma como lemos a vida e pôr em causa muita coisa que temos como certezas. Acredito nisto e, por um lado, quero que isto aconteça. O problema é que eu raramente levo a sério a proposta de vida radical que Jesus nos trouxe... O problema é que eu tento conciliar o sofazinho confortável com a cruz de Jesus. É aqui que está o busílis da questão e é isto que tem ocupado o meu pensamento ultimamente: será que o sofá e a cruz são compatíveis?

20.5.10

Fé e ateísmo


Estou a ler um livro chamado "Não tenho fé suficiente para ser ateu". É um livro de Apologética Cristã no qual os autores procuram defender a racionalidade e plausibilidade da existência de Deus e da fé cristã usando evidências científicas e históricas e argumentos filosóficos. Devo adiantar que não acredito na possibilidade de se provar a existência de Deus recorrendo à lógica e à ciência e muito menos na possibilidade de verificar a veracidade do cristianismo. A existência de mistérios que o ser humano nunca será capaz de resolver faz parte da minha visão romântica da vida e não estou disposto a abdicar dela. Podemos divagar sobre os mistérios da ciência, da filosofia e da teologia, podemos recolher evidências que nos ajudem a entender esses mistérios e a conviver com eles, mas não creio que devamos esperar respostas para todas as questões. Se tal fosse possível, a fé seria desnecessária e, perdendo a fé, perderíamos um elemento essencial da vida cristã. Acredito num Deus infinito, absoluto e eterno e o ser humano tem uma mente finita, relativa (isto é, sujeita a influências externas) e limitada pelo tempo. O salto que nos leva a acreditar num ser supremo infinitamente maior que nós envolve necessariamente fé.

Não estou portanto a ler o livro à espera de encontrar uma demonstração inequívoca da existência de Deus. Estou a ler o livro porque é uma obra de Apologética actual, bem fundamentada e perspicaz e o bichinho da apologética já me andava a morder há uns tempos. Há uns anos atrás seria impensável eu dizer isto, mas a verdade é que gosto de filosofia. E uma parte da apologética é, sobretudo, filosofia cristã. Gosto de perceber as objecções que os ateus levantam aos teístas e como é que estes últimos as podem ultrapassar. E a verdade é que há evidências que apontam fortemente para a existência de um ser inteligente que planeou o universo.

Um dos objectivos dos autores é convencer que é necessária mais fé para não acreditar em Deus do que para acreditar em Deus. E eu estou a ficar convencido. Posso entender até certo ponto a posição agnóstica. Mas começo a ter muita dificuldade em entender o ateísmo exacerbado de algumas pessoas.

Além disso o livro contém argumentos que se tornam deliciosamente divertidos para uma mente tão dedutiva como a minha. Por exemplo: suponhamos que o universo sempre existiu, isto é, tem um passado infinito; então hoje não estaríamos aqui. Porquê? Porque o universo ainda não tinha chegado ao presente. Aliás, qualquer que fosse o momento bem definido no tempo, o universo nunca lá chegaria. Vamos pensar nisto de outra forma. Consideremos o conjunto Z dos números inteiros e atribuamos a cada dia (ou a cada segundo, ou cada ano, ou o que quisermos) um inteiro. Suponhamos que hoje é o dia zero. Se o universo sempre tivesse existido, a contagem para trás seria infinita. Mas começando a contagem no "-infinito", nunca chegaríamos ao dia zero. Confusos? Pois, eu também! Não posso dizer que fico completamente convencido por este argumento porque a minha mente tão limitada ameaça entrar em curto-circuito sempre que toco no infinito. Pensar demasiado neste assunto pode ter consequências graves, como no caso do matemático George Cantor. Mas pensar um bocadinho nestas coisas é extremamente divertido!!

11.5.10

Eu e a música


No passado fim de semana tive aquela que terá sido, até hoje, a melhor experiência a nível musical da minha vida. Toquei guitarra na Conferência de Louvor da A.D. de Alverca, igreja da qual fazem parte grandes amigos meus. Estou longe de ser um grande guitarrista. Comecei a aprender música aos 10 anos. Aprendi solfejo e comecei a ter aulas de órgão. Mas nunca foi uma prioridade e nunca evoluí muito no órgão. Mais tarde, creio que a partir dos 13 anos, toquei trompete. Isso durou até aos 17 anos, altura em que deixei o trompete por culpa de um horário sobrecarregado (estava no 12º ano) e do aparelho que pus nos dentes. Mas foi a viola que mais me cativou. Comecei a aprender aos 14/15 anos, mas tive pouco tempo de aulas. Serviu apenas para ficar com algumas bases. Só que passei horas a tocar no meu quarto. Não sei se foi mais por vontade de evoluir ou porque a viola constitui uma excelente forma de fugir ao stress. Descobrir novos acordes, novos sons, conseguir tocar músicas que à primeira tentativa pareciam demasiado difíceis, foram e são desafios que me dão prazer.

Gostava de voltar a ter aulas, mas o tempo não estica. De qualquer forma já é bom saber alguma coisa de música... E foi óptimo fazer parte deste grupo de pessoal que se empenhou e ensaiou durante horas e horas para criar um louvor harmonioso, agradável, proveniente não só da muita ou pouca técnica que temos enquanto músicos, mas sobretudo do coração! Este fim de semana deixa saudades :)

6.5.10

Dar uns passinhos into the wild

Há umas semanas atrás a Inês fez uma lista de aventuras e desafios que já experimentou ou gostava de experimentar no futuro. Depois de ler a lista dela, tenho andado a pensar que coisas é que eu arriscaria a colocar numa lista destas se a quisesse tornar pública...

Acredito que todos nós temos um bocadinho do desejo de vagabundear por aí vivendo sucessivas aventuras radicais, com a adrenalina no máximo, desfrutando a beleza da natureza, das pessoas e da vida, despojados dos bens materiais inúteis. Há uma parte de mim que desejava ter a coragem do Chris McCandles... fugir into the wild.



E ao escrever estas linhas recordo um post que escrevi no meu antigo blogue há mais de dois anos. O desejo que então exprimi, vem de encontro ao que estou aqui a escrever. No entanto, talvez já não concorde com tudo o que escrevi nessa altura... Houve uma fase em que eu tinha uma perspectiva triste e fatalista disto tudo que andamos aqui a fazer no planeta azul... Achava que a minha história estava condenada a não ter interesse nenhum e colocava as culpas na sociedade, na minha educação, nos adultos, na igreja, etc... Mas depois percebi que a partir do momento em que eu reconheci que a minha história não levava um rumo certo, eu tornava-me responsável pelos passos seguintes. Não posso apagar o passado. Posso é construir o futuro a partir do presente... E quando comecei a perceber que eu sou o responsável pelo meu futuro, a minha perspectiva começou a mudar. Comecei a render-me gradualmente a uma ideia revolucionária: a vida pode ser fixe!

Como estava a dizer, dei por mim a pensar que coisas é que eu incluiria numa lista como aquela que a Inês fez. Que pequenos desafios ou grandes aventuras é que eu gostava de enfrentar, de experimentar, de viver? Qual seria a minha bucket list hoje?

Então comecei a juntar alguns items de uma possível lista. Mas não queria exibi-los aqui só por exibir. Não queria escrever uma lista impressionante de objectivos que, na prática, sejam inalcançáveis, ou por serem megalómanos ou por culpa da minha cobardia. Quero mesmo assumir um compromisso, em primeiro lugar comigo próprio, de que vou deixar-me guiar pelo espírito aventureiro. Mesmo que as circunstâncias não permitam que realize estes desafios, vou trocá-los por outros e não vou ceder ao canto de sereia dos sofás.

Aqui fica então a minha lista:

. cantar no karaoke em frente a pessoas desconhecidas (já o fiz e quero fazer mais vezes; não canto bem, mas é divertido à brava e desafia o meu (ou nosso) instinto primário que me diz para não fazer má figura diante dos outros)
. passar um ano inteiro sem comprar roupa nova (é em 2010!)
. deixar de comprar roupa de marca (é depois de 2010. este ponto da lista tem uma explicação complicada que fica para outra altura)
. não ter televisão
. morar num sítio que permita ir de bicicleta para a faculdade ou trabalho
. aprender a cozinhar (no outro dia fiz peixe, batata, cenoura e bróculos, tudo cozido e muito saudável! LOL)
. fazer voluntariado em Portugal
. fazer voluntariado algures no estrangeiro (ai o Logos Hope, o Logos Hope...)
. fazer uma road-trip algures (nos USA é que era, mas se for em Portugal também conta!)
. praticar hiking
. dormir ao relento
. participar numa cena tipo vindimas ou apanha da batata ou algo assim ligado à vida no campo da qual não tenho experiência nenhuma
. escrever um livro
...

4.5.10

A Million Miles In A Thousand Years


Depois de me ter deliciado com o Blue Like Jazz, ao ponto de me sentir tentado a considerá-lo o melhor livro que li, estou de volta aos livros do Don Miller. A Million Miles in a Thousand Years é um livro mais sério, talvez mais maduro, mas com os mesmos traços que parecem caracterizar o autor: autenticidade e honestidade refrescantes, uma valente dose de imaginação e humor, e uma capacidade impressionante para passar pensamentos profundos sobre a vida para o mundo das palavras, de uma forma simples e cativante. O ponto de partida deste livro é o seguinte: o Don recebeu uma proposta para fazer um filme baseado no Blue Like Jazz. Ele aceitou a proposta mas para o argumento do filme ganhar forma, ele teve que perceber quais são os princípios que regem uma boa história, uma história que atraia gente às salas de cinema, uma história relevante. Só que, ao estudar esses princípios, ele apercebe-se que eles não são apenas os princípios que regem uma boa história. São os princípios que regem uma vida com significado. Então ele sente-se impelido a aplicar os princípios à sua própria vida e conta-nos os resultados... Sobre este livro diz Rick McKinley (creio ser o pastor da igreja que Don frequenta):

"As all great writers do, Don's new book pulls you into his life story without you knowing exactly what is happening to you. You start reading a story about Don and then wake up at the steering wheel saying, What the hell? This story is about me. A Million Miles in a Thousand Years is raw, funny, painful, and honest just like life really is."

E é verdade, o livro é mesmo assim. Estou a ler acerca da vida do Don, mas sinto que muito do que leio é sobre mim. O Don fala acerca da experiência dele e da sua própria história, mas o que sinto é que ao longo das páginas há um sussurro intencional nas entrelinhas e comunicar esse sussurro de forma discreta, mas magistral, é o objectivo final do livro: "Vive uma história melhor! Vive uma vida com significado!" E no fundo é isso que Deus também deseja para nós. Como diz o próprio Don Miller:

"There is a writer outside ourselves, plotting a better story for us, interacting with us, even, and whispering a better story into our consciousness."

28.4.10

Equilíbrio

É tempo de arregaçar as mangas. De ser sério e competente, não perdendo a alegria e o sorriso... Não é fácil, mas é possível. E só o facto de não estar sozinho já serve de alento para seguir em frente, para ser persistente.

É bom saber que Tu estás comigo!

27.4.10

Profundo Amor do Pai





No fim-de-semana passado estive num acampamento para celebrar os 40 anos do Grupo Bíblico Universitário em Portugal e foi lá que ouvi este hino. Dizem que é muito antigo, mas eu não o conhecia. Ficou-me no ouvido e a letra tem ecoado no meu coração. É daqueles hinos que conciliam uma melodia suave e bonita, uma balada, com uma letra que é um poema. Poema de reconhecimento daquilo que o Pai fez por nós sem nós merecermos. Deixo-vos a letra em português:

Profundo o amor do Pai por nós, tão vasto e sem medida
Que deu seu filho p'ra fazer do vil o seu tesouro
Que rude golpe para o Pai, chorando vira o rosto
Ao ver as dores pelas quais os filhos vêm à glória

Olhai o homem sobre a cruz sofrendo o meu pecado
Chocado, ouço a minha voz no meio dos que troçam
É minha a culpa que o prendeu até estar consumado
No grito dele ao expirar obtenho vida plena

Em nada quero me orgulhar - dons ou sabedoria
Orgulho-me só em Jesus: o morto e ressurecto
Não sei porque sem merecer recebo o prémio dele
Mas sei de todo o coração que nele fui resgatado

8.4.10

Tempo

Tenho uma tese para fazer, muito trabalho pela frente e novos objectivos matemáticos estão a despertar em mim uma motivação renovada e muito necessária! Tenho também muitas ideias para pôr no papel e muitos textos semi-escritos, mas falta-me tempo e lucidez para lhes dar o toque final e poder publicá-los. Além da matemática tenho várias tarefas em mãos, que consomem os meus preciosos minutos (Ah, se os dias esticassem...!) e, pelo meio, há que arranjar maneira de ver os jogos deste fantástico Benfica 2009/2010. É natural que nas próximas semanas não consiga actualizar este espaço com frequência.

Nota: uma das tarefas que tenho é a colaboração com a NAJovem. Na falta de textos meus, podem passar pelo site NAJovem e ler aquilo que por lá se publica!!

4.4.10

Páscoa

«Imagine me, being free.» Páscoa é sinónimo de liberdade... Desejo-vos uma Páscoa feliz e repleta de liberdade; liberdade com sentido, liberdade com propósito, liberdade verdadeira, ganha numa rude cruz há 2000 e tal anos atrás!


1.4.10

Easter Song: For Your Love

Consigo imaginar Deus a cantar esta canção dedicada a cada um de nós. Bem sei que é uma canção secular. Mas todas as expressões humanas de amor e afecto são apenas vislumbres imperfeitos daquilo que Deus sente por nós. Ele dá-nos diariamente prendas bonitas: o Sol pintado no céu, o sorriso terno de uma criança, um pássaro que assobia ao longe uma melodia alegre... pequenos gestos ou momentos que aquecem o coração, próprios de alguém profundamente apaixonado. Ele deseja conquistar o nosso amor. Ele anseia que corramos para os seus braços e que nos deixemos também apaixonar por Ele.

A ideia que Deus está loucamente apaixonado por cada um de nós é das coisas mais libertadores que existe. E espanta-me que seja tantas vezes vista como uma revelação revolucionária e até chocante para muitos cristãos. É que no fundo é esta ideia que constitui o cerne da Bíblia: deu-nos ama-nos tanto que até nos deu o que de mais precioso tem - Jesus!

Tendo em conta a quadra que atravessamos, até vou extrapolar um bocadinho: esta é a minha canção de Páscoa para vocês, caros leitores.



All the gold in the world
Is nothing to possess
If all the things that it can bring
Can't add up to one ounce of your happiness

And for your love
I would do anything
Just to see you smile upon your face
For your love
I would go anywhere
Just you tell me and I'll be right there

A diamond that shines
Like a star in the sky
Is nothing to behold
For minuscule is any light
If it can't like you brighten up my soul

And for your love
I would do anything
Just to see you smile upon your face
For your love
I would go anywhere
Just you tell me and I'll be right there

I could have never fathomed this
Such joy , love and tenderness
That you give to me
For the love I feel inside
It's so wonderful I can't hide
And I glow, I glow
With just the thought of you
I do, I do, I do, I do, I do, I do

And for your love
I would do anything
Just to see you smile upon your face
For your love
I would go anywhere
Just you tell me and I'll be right there

29.3.10

O foco dos cristãos

É muito bom quando alguém verbaliza por nós os pensamentos que nos assaltam a mente, mas que não conseguimos pôr por palavras. Foi isso que senti ao ler o texto que este poste recomenda. Senti que o autor deu vida não somente aos seus pensamentos, mas também aos meus e, provavelmente, aos pensamentos de outros cristãos que por vezes se sintam incomodados pelo orgulho daqueles que advogam uma doutrina cristã específica em detrimento de outras. A doutrina é importante, mas não é o principal. Quando nos ocupamos mais a defender uma doutrina do que a cultivar um cristianismo relacional, autêntico e movido pela graça, corremos o risco sério de transformar o cristianismo apenas numa religião. Somos salvos pela graça e não pela doutrina. Termino usando a mesma frase com a qual Brissos Lino começa o seu texto e reforçando a minha sugestão para lerem todo o texto:

“Cristo não foi essencialmente professor, legislador, mas ser humano, ser humano real como nós. Por isso, ele não quer que em nosso tempo sejamos alunos, representantes ou defensores de determinada doutrina, mas seres humanos, seres humanos reais perante Deus.”
(Dietrich Bonhoeffer)


24.3.10

Should christians use their brains?


«Caleb left the office [Jeff's office, his pastor]. After he walked out through the church's front doors, he stopped under the archway and rubbed his temples. He was surprised to find himself shaking. Am I crazy? Jeff was his mentor and friend, and he had relied on his support and encouragement over the past couple of years. It had sustained him. But... he doesn't understand me anymore. It wasn't safe for him to bring up questions. Emptiness echoed in him like a late-night leaky faucet. His chest tightened. His eyes stung. He bowed his head and shuffled slowly through the drizzle to his parked car.»

A foto foi encontrada no grupo do facebook que referi num texto anterior: "I'm a christian and I'm proud." (Parece que há quem se esteja a divertir usando o grupo para fazer propaganda anti-cristã e esta foto serve muito bem esse propósito). O texto é um excerto de um livro que estou a ler, chamado True Story: A Christianity Worth Believing in. Em linhas gerais o livro é uma história inventada sobre um jovem cristão, chamado Caleb, que começa a questionar alguns aspectos da fé. Põe em causa o cerne do cristianismo que lhe ensinaram e mesmo o objectivo do evangelho. O bacano sente que na sua igreja é incompreendido e que não há abertura para colocar as questões que lhe assaltam a mente. Acaba por entrar em contacto com uma pessoa que o conduz num processo de redescoberta da fé. Uma fé com raízes mais sólidas, um evangelho que aponta para uma nova visão do mundo e para uma missão global que torna o cristianismo relevante no caos em que vivemos.

Encontro nesta história vestígios da minha própria biografia. Também tenho passado por um processo de redescoberta da fé. Cresci com dificuldade em me identificar com uma grande parte dos cristãos adultos que conhecia. Sempre me pareceu que em muito do que nós fazíamos na igreja não batia a bota com a perdigota. Sentia dificuldade em carregar a bagagem adicional à fé, composta por regras, costumes estranhos, tradições sem sentido e doutrinas confusas. Passei por muitos conflitos mentais e por uma fase de muita saturação. Felizmente ao longo do tempo conheci pessoas, tive conversas, vivi experiências e li livros que foram pavimentando o caminho da redescoberta da fé que eu mais tarde percorri. Hoje estou convicto que muita da bagagem adicional que me obrigavam a carregar é desnecessária e, até, prejudicial. Aos poucos, às vezes sorrateiramente, outras vezes com uma ponta de rebeldia que considero saudável, vou mandando essa bagagem às malvas!

É provável que muita gente da minha geração se identifique com a história do Caleb. Não fomos educados para a reflexão e sentimos que não há tempo e espaço para expor dúvidas e levantar questões. Diria até que muitos de nós fomos educados para ter medo das nossas próprias ideias... e por preguiça cedemos a esse medo! É mais fácil ir com a corrente! (E esta análise tanto é válida para cristãos como para não cristãos, basta substituir o contexto da igreja pelo da sociedade e da cultura!)

É mais fácil fazer o que sempre fizemos, pensar o que sempre pensámos, viver como sempre vivemos. É cómodo. Contudo a culpa não é só nossa. É uma questão de educação, de cultura e talvez também de conflito de gerações. Por ignorância, cobardia ou por razões ainda mais obscuras, não somos encorajados a pensar. Pelo contrário. Somos encorajados a tomar por empréstimo as ideias dos outros, a fé dos outros, os argumentos dos outros. Nos casos extremos, somos cobaias de uma lavagem cerebral efectuada por aqueles que têm poder sobre nós.

Infelizmente, às vezes a lavagem cerebral é feita através dos púlpitos. Criam-se rebanhos de ovelhas fanáticas que dizem "amééééé" a tudo. É o que eu chamo de "cristianismo" (obviamente entre aspas) castrador de identidades. E quando uma ovelha tem dúvidas é assaltada por um desconforto tão grande que mais vale reprimir todas as questões e lidar com os dilemas individualmente... até atingir o ponto de saturação. A foto lá de cima exemplifica o tipo de fundamentalismo promovido pelas igrejas mais extremistas. (Convém dizer que não conheço nenhuma igreja assim. Uma (pequena?) parte das igrejas evangélicas que conheço poderá ainda ter vestígios deste género de fundamentalismo, mas nada tão declarado como esta triste foto sugere.)

Reparem agora no contraste entre a foto lá de cima e a exortação que Paulo deu aos cristãos de Roma (exortação essa que, por estes dias, é um dos meus versículos preferidos): "Não se conformem com os padrões e costumes deste mundo, mas sejam como gente diferente, através da renovação da vossa maneira de pensar" Romanos 12:2

Pensar não tem nada de anti-cristão. Pelo contrário. O cristianismo deve estar na vanguarda do pensamento livre. Livre dos raciocínios viciosos que nos querem impingir, venham eles dos pulpitos, das tv's, dos professores, dos livros supostamente eruditos, etc. Livre das argumentações esfarrapadas que vigoram na sociedade, livre dos preconceitos que nos querem controlar... É esta a exortação de Paulo: não se conformem com a forma como as pessoas à vossa volta pensam a vida! Sejam diferentes! Pensem diferente! As igrejas devem promover tempo e espaço para as pessoas reflectirem, colocarem questões, porem em causa os pressupostos da vida e da fé. Construir passo a passo a fé (ou reconstruir) é um processo frutífero e que faz todo o sentido no mundo confuso em que vivemos. Acredito que, quando esse processo é motivado pelo desejo sincero de conhecer a verdade, é o próprio Deus que conduz as pessoas às respostas que elas precisam.

Para os meus amigos que não são cristãos, a minha mensagem é esta: ser cristão não é sinónimo de ser fanático e aceitar sem questionar tudo aquilo que nos querem enfiar no cérebro. No cristianismo há espaço para a dúvida e para as perguntas. Há espaço para pessoas que não sabem tudo e que discordam daquilo que outros cristãos dizem. Porque, ao contrário do que diz o cartaz da foto, ao contrário do estereótipo através do qual os cristãos são julgados, um cristão pode e deve ser "um free thinker".

22.3.10

O Amor



Este vídeo está soberbo! Não deixem de ver, são 10 minutos muito bem empregues, que ajudarão a enriquecer o vosso conceito de Amor. (via Sem açucar ou adoçante)

12.3.10

My birthday wishlist

Desejo que o comodismo,
entranhado na minha alma como veneno,
seja arrancado
mesmo que deixe ferida

Desejo que as ideias
que erradamente tomo por certezas absolutas
sejam revolvidas por Ti
da mesma forma que uma tempestade revolve o mar

Desejo que quebres
a sensação de segurança gerada pelo conforto
e que a fé e a graça
sejam as minhas verdadeiras âncoras

Desejo estas coisas porque

acredito que nós precisamos de ser confrontados com situações que nos choquem, que façam abanar os nossos alicerces, que deitem por terra os nossos preconceitos, que nos levem a questionar o mundo, a sociedade, nós próprios, para assim "sermos transformados pela renovação do nosso entendimento para experimentarmos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". (cf. Romanos 12:2)

Mas o aniversário não é só uma boa altura para formular desejos. É também um bom pretexto para agradecer. E eu tenho muitos motivos para estar grato... O ano que passou foi fantástico em muitos aspectos!!! Houve tanta coisa excelente que marcou este ano... torna-se difícil destacar pessoas, momentos ou acontecimentos particulares. Resta-me dizer do fundo do coração:

Obrigado a todos!
Obrigado Pai!

10.3.10

I'm sorry but I'm not proud


Agora surgiu no facebook um grupo chamado "I'm a christian and I'm proud". Alguns dos meus amigos aderiram ao grupo e entretanto recebi um convite para aderir também. Mas não o fiz. Porque não me orgulho de ser cristão. Antes que os meus leitores cristãos comecem a resmungar contra mim e que os meus leitores não-cristãos comecem a sorrir pensando que eu me "desconverti", deixem-me explicar melhor...

Ser cristão não é algo de que eu me possa orgulhar. Digo até mais: ser cristão não é uma escolha, porque na verdade não tenho alternativa. Um dia Jesus perguntou aos discípulos se queriam desistir de o seguir. Pedro devolveu a pergunta a Jesus "[mas se desistirmos de te seguir] Para quem iremos nós?" (João 6: 67-68). Esta pergunta retórica soa-me a qualquer coisa como "Mas qual é a alternativa?". Sou cristão porque necessito de redenção e reconciliação com Deus e porque a graça do Pai, expressa através da vida e do sacrifício de Jesus, é o caminho para essa reconciliação. Não há alternativa. E a graça não é algo de que me possa orgulhar. Não há qualquer laivo de mérito próprio envolvido no processo de reconciliação com Deus. É um favor 100% imerecido que o Pai dá a um filho maltrapilho.

Além disso, há um contra-senso grotesco quando nos orgulhamos de ser cristãos. Vejamos...

É natural (embora perigoso) orgulharmo-nos de coisas que fazemos bem. Se temos boas notas na escola é natural que a aprovação que recebemos dos nossos amigos, família e professores faça brotar em nós uma ponta de orgulho. Se temos talento nalguma área específica como a música e o desporto (e a matemática, porque não?!) a admiração que granjeamos com os nossos desempenhos também nos leva a inchar e a ficar feios como os sapos. Em resumo, a sociedade tolera e até promove o orgulho, quando este surge como consequência de um bom desempenho na tarefa que nos propomos realizar. Ora se nos orgulhamos de ser cristãos, a ideia subjacente é que somos bons nessa tarefa, que somos bons seguidores de Cristo. Mas caramba! vamos lá a chamar os bois pelos nomes: em geral nós (com algumas felizes excepções) somos péssimos seguidores de Cristo (e isto para mim é tão evidente que nem me vou dar ao trabalho de argumentar)! Portanto estamos a orgulhar-nos de uma coisa na qual somos péssimos... É ou não é um contra-senso?

Aos meus ouvidos e aos ouvidos de muitos não-cristãos, ouvir alguém a orgulhar-se de ser cristão soa a arrogância. Acredito que quem fundou o grupo no facebook não tivesse intenção de soar arrogante. Aliás, deve ter sido fundado com uma aparentemente boa intenção: encorajar os cristãos a desfraldarem a bandeira do cristianismo. No entanto eu não creio que o cristianismo deva ser exibido com orgulho, mas com humildade, sabendo que tudo aquilo que somos é pela graça. E se queremos desfraldar a bandeira do cristianismo podemos e devemos fazê-lo trocando as palavras por actos de amor. Em vez de usarmos os púlpitos das igrejas para fazermos discursos inflamados (ou o facebook para criar grupos de valor duvidoso), podemos usar os braços para amparar quem está só ou em sofrimento, os recursos para suprir necessidades dos necessitados, o amor e a graça que Deus derramou em nós para responder à injustiça e ao ódio.

Há pouco tempo aderi a um outro grupo no facebook chamado "sou evangélico(a) (ou simpatizante), mas não é por mal!". Se calhar estes dois grupos até servem propósitos semelhantes. Mas as palavras escolhidas são diferentes e sugerem uma motivação diferente, uma ideia-base diferente para o grupo. Talvez vejam esta minha opinião como uma picuinhice exagerada e desnecessária, com vestígios de fundamentalismo. Talvez seja uma opinião altamente criticável e é provável que possam contrapor-lhe sem esforço algumas críticas bem mandadas. Aceito que digam que eu estou a levar demasiado à letra algo que talvez se resuma a uma escolha infeliz de palavras. Porém eu acho que é preciso ter cuidado com estas coisas, para não distorcermos ainda mais aquilo que é afinal o cristianismo. E também porque talvez esta escolha de palavras não seja apenas infeliz, mas um reflexo de um problema mais grave que invadiu as igrejas como uma praga, a arrogância. Felizmente, a tendência da igreja emergente é abrir mão dessa arrogância e optar por uma terapia de graça e humildade! Talvez os passos que demos nesta terapia sejam ainda poucos e ainda indecisos, meio aos tropeções... Mas não queiram voltar atrás, por favor!!!

E lembrem-se: "Há mulher de César não basta ser séria"... E agora, se me dão licença, I rest my case.

4.3.10

Follow me

A partir da altura em que este blogue já tem uma seguidora, faz sentido pôr a barra de seguidores ali do lado direito... a não ser que os seguidores do blogue tenham vergonha de o admitir em público... o que é compreensível! Se quisermos ser justos, há que admitir que seguir este blogue é um claro sinal de demência (a auto-depreciação fica sempre bem!)... Agora a sério: a bem do meu ego e da minha auto-estima, adicionem-se ali à barra de seguidores. Acho que basta terem uma conta gmail. Assim fico também a conhecer melhor a audiência!

3.3.10

Futuro da Igreja

«O futuro da Igreja é não haver denominações... nem que seja quando estivermos todos com o Pai, no paraíso... talvez possamos dar já passos nesse sentido, esquecendo o que nos separa e abraçando as causas que nos são comuns, a graça, a justiça e o amor, mantendo o foco, o nosso e o daqueles que ouvem a nossa mensagem, no essencial: Jesus!»

David

18.2.10

Coincidências?!

Estar a ler o Jesus for President e encontrar uma referência a uma passagem muito fixe do Blue Like Jazz é espectacular! É de me deixar a dar saltos de alegria! Importa dizer que o Shane Claiborne e o Don Miller não estão exactamente na mesma onda, embora tenham uma visão do mundo e do cristianismo com muitos pontos de intersecção. Enquanto o Shane é um radical, activista, uma voz contra a pobreza, guerra e injustiça de uma forma muito revolucionária, o Don é muito mais parecido com a maioria de nós. É o tipo porreiro que tem uma vida que é uma bela confusão, mas que vai aos poucos descobrindo a graça de Deus... São dois bacanos diferentes, com mensagens diferentes (embora com um ponto em comum, Jesus!) e com vidas diferentes. E foram estes dois bacanos que escreveram dois dos meus livros preferidos! Portanto, podem calcular que para mim seja motivo de alegria saber que o Shane também gostou do Blue Like Jazz! É sinal de que, de uma forma ou outra, estamos todos na mesma onda...

15.2.10

Mais que música 2010



Estou feliz! Israel Houghton and New Breed em Portugal só pode ser bom! É um dos meus músicos cristãos preferidos (já aqui mostrei músicas dele). Alia um estilo gospel com várias influências (soul, rock, funk, reggae) a letras muito fixes. As letras das músicas de louvor têm como objectivo expressar a nossa gratidão a Deus e conduzir-nos a uma comunhão mais real com Ele. Quando cantamos essas letras e sentimos as palavras que estamos a dizer, é como se abrissemos as portas do nosso coração para permitir que Deus o molde. Cada um de nós tem os seus gostos musicais próprios e tem letras que nos tocam mais do que outras. No meu caso, gosto mesmo muito do Israel Houghton e as músicas dele, melodia e letra, têm sido bênção para mim, pois cumprem bem esse papel de nos conduzir para perto de Deus.

Mais que Música 2010, 28-29-30 de Maio, em Loures!!!

Se Deus quiser, lá estarei!

14.2.10

Jars of Clay

Eu sou assim... ando sempre a dormir, alheado das modas, das tendências, das bandas, séries e livros do momento. Até que um dia, do nada, dou por mim a questionar-me: "mas como é que eu nunca dei por isto?". É assim que me sinto actualmente em relação à banda Jars of Clay, uma banda cristã com música rock/folk e letras muito fixes. O nome da banda já o conheço há muito. Mas não sei porque carga d'água nunca os tinha ouvido com ouvidos de ouvir. E na passada quinta-feira dei com um clipe deles no youtube e fiquei rendido... Aqui fica uma amostra, Like a child (letra aqui):



E os Jars of Clay não se limitam a cantar sobre a fé e sobre Deus. Têm algumas músicas profanas (LoL) muito pertinentes. Esta é uma delas, e bem podia ser uma autobiografia minha, tirando a parte de o açucar não me deixar enjoado! =) The coffee song (letra aqui):

12.2.10

Proibida a entrada a pessoas perfeitas



Muito bom!!! Depois disto só me resta mesmo colocar o livro "Proibida a entrada a pessoas perfeitas", escrito por Jonh Burke que é este tipo que aparece a falar no vídeo, no topo das minhas prioridades de leitura a curto prazo!

Vozes pelo Haiti


O Desafio Miqueias organiza este concerto com músicos e bandas muito conhecidos no meio evangélico em Portugal como forma de angariar fundos e despertar consciências para o que está a acontecer no Haiti. O Desafio Miqueias é uma coligação de várias organizações e associações cristãs que combatem a pobreza pelo mundo e está na linha da frente da resposta à catástrofe no Haiti. Sábado, às 20h30m, no CCVA de Alvalade. Eu vou!

9.2.10

O profano e o sagrado

"E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo" Mateus 27:50-51

Não sei se isto faz algum sentido para vocês, mas houve uma fase da minha vida em que eu era dominado pela ideia absurda de que referir Deus e referir um assunto corriqueiro na mesma frase seria uma espécie de heresia. Guiava os meus pensamentos em duas estradas paralelas, não deixando que elas se intersectassem: uma para discorrer sobre Deus e sobre a fé e outra para todos os outros assuntos.

Tinha uma tendência para isolar o divino numa espécie de redoma que tentava preservar longe da contaminação das coisas banais da vida. Criei um compartimento inacessível e arrumei lá cuidadosamente tudo aquilo que dizia respeito à minha fé, não dando conta que esse compartimento, criado com um pudor tão exagerado e, até, disparatado, se tornou também inacessível a mim próprio. Tentava aceder a esse compartimento criando uma auto-imagem melhorada daquilo que eu era na realidade. Fingia uma santidade absoluta que não é real (porque a santidade é muito mais um caminho do que um estado), simulava incorruptibilidade, usava máscaras e artimanhas, vestia a pele dos fariseus que Jesus tanta vez criticou, e não dava conta que, agindo assim, estava a enganar-me a mim próprio.

Hoje percebo que separar Deus do resto da minha vivência não só é desnecessário, como é mesmo prejudicial. Deus não se quer relacionar com cópias melhoradas de nós próprios. Ele quer relacionar-se connosco tal como somos, por mais fúteis, patetas e incoerentes que sejamos.

O David que acredita que Jesus é a resposta para a maior ansiedade e necessidade do homem é o mesmo que é adepto do Benfica; é o mesmo que gosta de acompanhar de longe a vida política e de criar piadas sobre a incompetência dos políticos; é o mesmo que dança ao som de Jamiroquai e adormece ao som da Norah Jones; é o mesmo que gosta de uma cerveja fresca numa esplanada sob o entardecer de um dia de verão (enquanto se conversa sobre o amor de Deus, porque não?), é o mesmo que às vezes solta uma gargalhada quando Os Contemporâneos fazem humor que envolve a Bíblia, é o mesmo que tem períodos de desalento que o levam a questionar até mesmo aquilo que é inquestionável, é o mesmo que por vezes é atormentado pela dúvida sobre o certo e o errado, é o mesmo que, ainda que pretendendo servir os outros e viver uma vida altruísta, é levado com frequência a atitudes egocêntricas... e é o mesmo que Deus ama "furiosamente"!

A separação entre o sagrado e o profano é uma herança de outros tempos e de outras mentalidades. Uma herança de uma religiosidade beata que exclui a beleza da graça. A graça é bela porque é oferecida a homens e mulheres reais, autênticos, humanos, que se emocionam, que são incoerentes, às vezes fúteis, às vezes despropositados... como eu.

Mais uma vez digo: não sei se isto faz sentido para vocês. Temo que não tenha conseguido alinhar estas ideias de modo a dar-lhes algum nexo e torná-las perceptíveis. Mas eu sei o que estou a tentar transmitir e é algo que para mim é muito, mesmo muito, pertinente. Talvez faça um remake ou uma segunda parte deste texto brevemente.


adaptado de um texto escrito originalmente em Julho de 2009 para o meu antigo blogue e parcialmente inspirado numa frase bombástica do Blue Like Jazz, quando uma amiga de Don Miller lhe estava a contar como aconteceu a sua conversão a Cristo: "We would eat chocolates and smoke cigarettes and read the Bible, which is the only way to do it if you ask me. Don, the Bible is so good with chocolates."

8.2.10

Semelhanças

"Somos semelhantes a animais quando matamos.
Somos semelhantes a homens quando julgamos.
Somos semelhantes a Deus quando perdoamos."

Autor Desconhecido

4.2.10

Esperança

O tempo tá escasso, muito escasso mesmo (mas não tão escasso que me impeça de ir amanhã à noite dar as boas vindas ao fim de semana no karaoke do Shoarma com os matemáticos, incluindo pelo menos uma leitora deste blogue!) e não tenho tido oportunidade de consumar a escrita dos textos que idealizei (consumar é uma palavra catita). E por isso venho aqui somente para repetir uma citação do Shane Claiborne que já aqui deixei (ou se calhar não foi aqui, foi no Facebook, mas whatever... não me apetece ir verificar). Esta frase do Shane anda a martelar-me o pensamento. É uma frase que me incute esperança, muita esperança:

"There is a movement bubbling up that goes beyond cynicism and celebrates a new way of living, a generation that stops complaining about the church it sees and becomes the church it dreams of."

Eu quero fazer parte disto!!!