3.3.10

Futuro da Igreja

«O futuro da Igreja é não haver denominações... nem que seja quando estivermos todos com o Pai, no paraíso... talvez possamos dar já passos nesse sentido, esquecendo o que nos separa e abraçando as causas que nos são comuns, a graça, a justiça e o amor, mantendo o foco, o nosso e o daqueles que ouvem a nossa mensagem, no essencial: Jesus!»

David

5 comentários:

natenine disse...

Penso também que o futuro passe realmente por eliminar barreiras denominacionais. Porém na prática isso é complicado.
Por exemplo como é que juntamos os que baptizam crianças e os que só baptizam pessoas crescidas? Ou como cultuaram juntos um carismático e um cessacionalsita? E como se regeria uma Igreja sendo que uns não reconhecem autoridade no pastor mas na comunidade dos irmãos? Ou os que crêm na ordenança das mulheres para o ministério e aqueles que não crêm que seja assim. Ou ainda como juntar os tradicionais com os culturalmente relevantes?
Deparo-me com estes dilemas e desanimo nesse sentido. No entanto é perfeitamente viável anunciar o Evangelho juntos, o problema é discipular os que vierem a Cristo seguindo a mesma metodologia.

David disse...

As tuas questões são pertinentes e as respostas não são fáceis (eu não as tenho). Eu sou fortemente relativista e acredito num modelo de Igreja onde o foco doutrinário seja posto naquilo que é essencial (o plano de salvação para o homem através de Jesus). Em relação às outras doutrinas, que eu gosto de chamar de doutrinas acessórias, acho que cada igreja não-denominacional poderia ter a sua própria interpretação, promovida pelo pastor ou líderes, tendo também a humildade de apresentar as alternativas, deixando a escolha entregue à consciência de cada um e ao trabalho que o Espírito Santo desempenha em cada seguidor individual de Cristo.

Parece-me que a Igreja tem tido dificuldade em perceber uma evidência da qual a vida de Jesus é a principal prova: o cristianismo é essencialmente prático! Mais do que acreditar nas coisas certas (estou a falar, claro, das tais "doutrinas acessórias") e saber discernir a verdade absoluta em todas as questões (tarefa utópica), importa sim que façamos as coisas certas, com a ajuda do Pai. E fazer as coisas certas é algo que Jesus resumiu de uma forma simples: "Amar o Pai e amar o próximo". O cristianismo tem que ser virado para os outros e não para o nosso ego. Não é saudável andarmos a criar cavalos de batalha entre denominações, nem alimentar o orgulho de acreditarmos numa doutrina específica. Nem é esse o caminho para evangelizar o mundo: "O mundo saberá que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros."

A minha opinião em relação às denominações e ao modelo de igreja oscila um pouco entre a tolerância e o sentimento de que é necessária outra reforma. Às vezes dou por mim a pensar se as igrejas não terão caído em práticas tão anti-cristãs como no tempo pré-Lutero e se não estaremos a necessitar de uma revolução profunda. Outras vezes penso que talvez esta questão seja apenas produto de um conflito geracional. Muitas igrejas pararam no tempo e nós hoje sofremos na pele as consequências dessa paragem, mas talvez essas igrejas ainda sejam relevantes hoje. Talvez todas as denominações sejam necessárias e relevantes à sua maneira. E talvez as igrejas não-denominacionais o sejam também, sobretudo numa sociedade pós-moderna da qual sinto fazer parte.

Mas seja como for há uma mudança de atitude que devia ser prioritária para os líderes: trocar o orgulho pela humildade. Todos nós, seja qual for a denominação, somos o que somos pela graça de Deus... e infelizmente ainda há muita gente que não percebeu isso!

natenine disse...

Concordo com o que disseste e também quero viver nesses moldes, mas invariavelmente vão sempre existir outras denominações muito devido ao orgulho, seja dos que saem de uma denominação, seja dos que lá ficam. Apesar de tudo desejo uma unificação, mas creio que terá de haver alguma coisa, talvez uma reforma.

Apesar de tudo estou esperançoso e acredito que as novas gerações estão abertas a essa unificação.

David disse...

«Apesar de tudo estou esperançoso e acredito que as novas gerações estão abertas a essa unificação.»

Yah, é isso! A nossa tendência é darmos lugar à esperança ou ao cinismo. Já experimentei os dois, mas agora vejo que o caminho é mesmo a esperança. Tenho tido a possibilidade (e a benção) de conviver com cristãos de diversas igrejas e tenho visto sinais de união e abertura que alimentam essa esperança.

P.S. Às vezes leio o que escrevo e fico com a ideia de que não é fácil identificar a fronteira entre expor a minha opinião ou "pregar" a minha opinião. Pretendo apenas expor, sem me julgar dono da verdade, por isso desculpa se a resposta que te dei soou um bocado a "pregação".

natenine disse...

Eu desculpo-te a "pregação" sendo que as minhas questões também foram de alguma forma "corrosivas" em relação ao teu texto, portanto fizeste bem =)