30.9.09

O Amor Selvagem de Deus

Bem sei que isto não se aplica a todos os versos da música, mas não resisto a comparar o amor expresso neste poema com o amor que Deus sente por nós, por mim... E, conhecendo a carreira e a personalidade do Stevie Wonder, acredito que esta comparação também lhe tenha passado pela cabeça quando escreveu a letra da música e quando a compôs. Esta música é o apogeu artístico daquele que é um dos grandes músicos da história. Pessoalmente, ainda não conheci nenhum músico com uma carreira tão rica e revolucionária e com uma qualidade tão monstruosa quanto a do Stevie. Não quero entrar aqui em detalhes acerca da história do Stevie, mas para quem quiser saber mais refiro um texto que escrevi no meu antigo blogue. Queria apenas deixar-vos a tal música. Chama-se As e é mais conhecida na versão de Mary J. Blidge e George Michael. Mas a versão original do Stevie é muito melhor. É uma ode ao amor! Pode aplicar-se ao amor entre um homem e uma mulher, aquele amor que une duas pessoas por toda a vida, mas também se aplica ao amor em geral, o amor que é o sentimento mais nobre (porque provém de Deus) que o ser humano pode sentir.... Tem versos que são desafios à imaginação, escritos com um toque de infantilidade e de paixão:

Until the day is night and night becomes the day - ALWAYS
Until the trees and seas just up and fly away - ALWAYS
Until the day that 8x8x8 is 4 - ALWAYS
Until the day that is the day that are no more
Did you know that you're loved by somebody?
Until the day the earth starts turning right to left - ALWAYS
Until the earth just for the sun denies itself
I'll be loving you forever


É assim que Deus nos ama! E é com a mesma infantilidade e paixão que nos podemos deliciar com esse amor.


27.9.09

Shane Claiborne Quotes #2

"I know there are people out there who say, "My life was such a mess. I was drinking, partying, sleeping around... and then I met Jesus and my whole life came together," God bless those people. But me, I had it together. I used to be cool. And then I met Jesus and he wrecked my life. The more I read the gospel, the more it messed me up, turning everything I believed in, valued, and hoped for upside-down. I am still recovering from my conversion."

24.9.09

Conta-me Uma História

Há algumas semanas atrás estive num almoço de família, comemorando o 90º aniversário de uma tia minha. A minha tia é esposa de um pastor que foi responsável por várias igrejas em Portugal e foi missionário em Angola. Depois do almoço contaram-se histórias. Filhos, sobrinhos e amigos da minha tia recordaram o passado, os momentos tristes e alegres, episódios que causaram dor ou riso, recortes de uma vida repleta de experiências ao serviço do Pai e do próximo. Foram histórias sem preço que ouvi naquela tarde. Histórias de familiares que viveram numa época diferente da minha, com mais obstáculos e dificuldades, mas com uma dependência radical de Deus e uma vida muito mais aventureira do que aquela que hoje vivo. Às vezes a nossa tendência, por nos julgarmos gente "moderna" do século XXI, é desprezar aquilo que os mais velhos têm para ensinar. Já não temos paciência para ouvir as histórias. E, no entanto, elas são tão ricas...

Tenho muitos pastores e missionários na família. E ao longo do meu crescimento fui ouvindo histórias de vários tios cujo trabalho em prol do Reino foi marcante e cujas vidas foram bonitas! Hoje sei que essas histórias deixaram em mim uma herança indelével, apesar de eu nem sempre me ter apercebido dela. As histórias que ouvi levaram-me a admirar esses meus tios, grandes aventureiros!

Recordo com particular saudade as visitas de um tio à minha casa, ex-pastor de várias igrejas em Portugal, ex-missionário em Timor e que hoje vive nos Estados Unidos. O jantar era sempre marcado por histórias e por gargalhadas dos mais velhos, enquanto eu e a minha irmã respondiamos com leves risadas, muitas vezes sem perceber bem o conteúdo das conversas ou sem lhes dar o devido valor. Durante muitos anos ele era presença frequente na minha igreja, como orador convidado. E aí toda a gente gostava dele (ou, se não gostavam, disfarçavam bem). Pregava a contar histórias! Histórias provenientes de uma vida com experiências enriquecedoras e de um coração bom. Esse meu tio é em muitos aspectos o meu ideal de velhote: já dei por mim várias vezes a pensar que quando for velhote quero ser um velhote feliz como ele.

Sempre gostei de histórias e talvez seja por isso que o meu género literário favorito são as biografias. Gosto de conhecer histórias de pessoas. Temos muito a aprender, mesmo com pessoas comuns que, aparentemente, não tenham feito nada de relevante.

Há colectâneas de histórias muito boas. Por exemplo, os livros "Histórias Para O Coração", que contêm histórias recolhidas por Alice Gray. Li alguns livros desta colecção há alguns anos e não foram poucas as noites em que adormeci com os olhos húmidos por culpa das histórias que tinha acabado de ler.

Agora estou a ler um livro chamado Let Me Tell You a Story, uma colecção de histórias compiladas, vividas ou ouvidas por Tony Campolo. Histórias que nos levam a reconhecer traços da personalidade e do carácter do Pai através de episódios das vidas de pessoas comuns. Com o subtítulo "Life Lessons from Unexpected places and unlikely People", este livro é mais um que nos faz mergulhar no maravilhoso mundo das histórias. Tony Campolo é um contador de histórias nato - diz ele que aprendeu com a sua mãe, também ela uma especialista nesta arte. A maior parte dos pregadores baseia os seus sermões na doutrina cristã, na teologia. Tony Campolo usa as histórias como a sua própria teologia. Diz ele: «someone else suggested that I use stories instead of theology as a basis for my sermons, but I must tell you that, in the end, my stories do not illustrate my theology - they are my theology. I choose to tell truths about myself, about others, and most of all about God, not with theological statements, but with stories.»

É engraçado constatar que Jesus também ensinou teologia através de histórias. É nas parábolas que encontramos a essência do Reino de Deus e do Amor do Pai. Jesus contava histórias às multidões e mesmo as suas conversas com os discípulos estão repletas de ilustrações e de exemplos da vida quotidiana daquela época. No sermão da montanha - "the best sermon ever" nas palavras de Shane Claiborne - Jesus aborda uma vasta gama de problemas pelos quais nós passamos e dá-nos indicações muito precisas e valiosas daquilo que significa ser Seu seguidor. Mas não o faz recorrendo a um sermão enfadonho e repleto de afirmações teológicas imperceptíveis e impraticáveis. Jesus recorre a ilustrações como "o sal", "a luz", "os lírios do campo", "as árvores do céu" e "a casa construída sobre a rocha". Acredito que a teologia tem a sua importância e o seu valor, mas pode tornar-se inacessível e dúvido muito da relevância de uma teologia cujo resultado seja apenas doutrina abstracta. Ainda que respeite quem estuda tal teologia, creio que o mundo não precisa de teologia que não tenha como objectivo a relação com Deus e que não seja passível de ser aplicada na vida prática.

Arrisco mesmo a dizer que Jesus terá sido o melhor contador de histórias de sempre. Ele contou-nos histórias que nos permitem conhecer o Pai e contou-nos essas histórias como nenhuma outra pessoa poderia contar - porque Ele e o Pai são um só. Histórias como a do filho pródigo, a da ovelha perdida ou a moeda perdida, contêm a melhor teologia jamais feita! Julgo que se o Espírito Santo nos revelasse o significado pleno dessas histórias nós teríamos automaticamente conhecimento de toda a teologia que necessitamos para uma vida cristã abundante. É pena que essas parábolas estejam hoje tão batidas, que se torna difícil encontrar nelas algo de novo, algo de relevante, para além das verdades valiosas "Deus ama os pecadores", "Deus está de braços abertos à tua espera", "Deus está à tua procura", que infelizmente se tornaram afirmações corriqueiras, ao ponto de soarem desprovidas de significado. Por vezes, ao reler estas histórias, Deus presenteia-me com vislumbres do seu real significado: delicio-me com o tamanho do amor de Deus, com a loucura e a extravagância desse amor e com o anseio que Ele sente por ter comunhão connosco... E é então que essa comunhão se torna irresistível!

Contar histórias é uma arte que raras vezes é valorizada na sociedade e nas igrejas... Uma boa história amacia e derrete um coração. Uma história bonita e simples tem o condão de nos aquecer da mesma maneira que uma lareira numa noite de Inverno. Ao sermos confrontados com uma boa história, somos levados a despir a nossa carcaça de insensibilidade, o riso e o choro tornam-se irresistíveis, tornamo-nos mais humanos, mais genuínos...

Por todas estas razões, vá lá, conta-me uma história...

20.9.09

TeenStreet, o meu vídeo

Este é o meu primeiro vídeo para o Youtube. Está um bocadinho aldrabado, mas a ideia é mostrar aos teens da minha igreja que o TeenStreet é fixe e acho que o vídeo consegue mostrar isso.

18.9.09

"SIM"

Sou um tipo um bocado lamechas e por isso gosto dos programas de televisão do género X-factor quando pessoal com o sonho de ser artista se apresenta diante dos júris tentando surpreende-los com o seu talento e obter deles o tão desejado "SIM". É giro quando do nada surge um concorrente com uma voz extraordinária que provoca arrepios em toda a plateia. É claro que muitos destes programas são preparados de modo a puxar pelas emoções e há muitas histórias e atitudes pelo meio que parecem ser fingidas. Mas isso não invalida que seja bonito ver um talento a afirmar-se, deixando de lado a vergonha e os medos e contribuindo para tornar o mundo mais colorido através da boa música - aquela que brota do coração.

Estes shows têm o outro lado menos feliz. Os concorrentes que perseguem o sonho de vir a ter uma carreira musical, mas que não têm o talento necessário para lá chegar. Tais concorrentes correm o risco de ser vaiados pela plateia e gozados pelo júri. Nós tomamo-los por tolos e abanamos a cabeça com pena deles ou, pior ainda, rotulamo-los de patéticos e tornamo-los alvo de piadas. Esses concorrentes ouvem o temido "NÃO" que destroça os seus sonhos e que custa a aceitar.

Tenho que confessar que quando vejo este tipo de concorrentes também sou tentado a rir-me deles e muitas vezes faço-o. Mas por vezes resisto a essa tentação e dou por mim incomodado com toda a situação. Apetece-me mudar de canal para não ter que assistir àquela cena. Nunca percebi muito bem o que é que esses momentos televisivos têm de tão peculiar que me leva a sentir-me desconfortável. Até que me ocorreu que talvez eu me identifique com estes concorrentes.

Num outro contexto e com um outro júri, muitas vezes dou por mim a exibir os meus "talentos" patéticos de modo a obter aprovação e o tão desejado "SIM". Esforço-me para aprender a executar bem a minha prova, estudo bem a matéria e convenço-me de que sou capaz. O júri tem fama de ser cruel, mas eu avanço destemido sem noção de que estou a fazer uma figura ridícula. A prova não corre como eu esperava e ao longo da minha exibição vou sendo assobiado por um ou outro elemento da plateia. O júri não parece nada impressionado com o que eu fiz, apesar de todos os meus malabarismos para lhe agradar. Ele olha-me com um olhar ar triste e abana a cabeça com condescendência, tal como um pai perante os disparates de uma criança. Perante tal reacção, eu fico cabisbaixo à espera de ouvir o temido "NÃO", mas um pouco reconfortado porque não vejo o júri adoptar a tal postura cruel...

Até que, com espanto, ouço o que o júri tem a dizer em relação à minha prova: "Filho, não percebo o que estás a fazer. Tu já estás previamente aprovado, não precisas de me tentar impressionar dessa forma. SIM. SIM. SIM."

"Não há nada que possas fazer que leve Deus a amar-te mais. Não há nada que possas fazer que leve Deus a amar-te menos."

E para terminar este post, um vídeo que não me canso de ver e que me derrete o coração =)

Shane Claiborne Quotes #1

"I was just another believer. I believed all the right stuff - that Jesus is the Son of God, died and rose again. I had become a "believer", but I had no idea what it means to be a follower. People had taught me what Christians believe, but no one had told me how Christians live."

17.9.09

Sonhos...

Este é um poste muito pessoal. Mas sinto uma grande necessidade de o escrever. Um impulso irresistível para partilhar os sonhos que me enchem o coração. Estou na minha faculdade, sentado na minha secretária na presença de vários livros, artigos e apontamentos repletos de teoremas e definições da matemática mais avançada que já tive que estudar. A motivação é pouca e acabo por ir parar ao Youtube, à procura de mais vídeos do Shane Claiborne. Encontro várias entrevistas interessantes e, como os links são como as cerejas, quando dou por mim estou absorvido por estes sites:

http://www.thesimpleway.org/

http://www.missionyear.org/

http://www.aimint.org/usa

http://www.logoshope.org/


E sonho!... É como diz a canção que já aqui deixei:

I BRING MY HEART
MY HANDS MY FEET
TO SHARE YOUR LOVE
WITH THOSE IN NEED
LET IT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU
USE MY VOICE
TO TELL YOUR STORY
USE MY ARMS
TO HOLD THE LONELY
LET THAT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU

15.9.09

A Tua graça me basta

Conduzidos pelo nosso orgulho e pela nossa auto-imagem distorcida, é-nos muito difícil reconhecer que os nossos esforços para sermos bons de nada valem. Por muito que lutemos, estamos constantemente a errar. Como dizia Paulo, queremos fazer o bem, mas acabamos por fazer o mal. E, por vezes, somos abençoados com vislumbres de quem nós somos na realidade. Ao aproximar-me de Deus e ao contemplar a santidade de Jesus, reparo que ela contrasta com a minha vida. Por muito que eu tente brilhar, o meu brilho são trevas quando comparado com o esplendor de Jesus. Deparo-me então com os meus erros, com os meus fracassos, com a minha condição de pecador e permaneço, durante um segundo, estarrecido. Nesses momentos, sou plenamente convencido de que os meus actos não merecem o amor e o perdão como resposta e o terror apodera-se de mim. Sinto-me condenado. Sou levado a fazer minhas as palavras de Paulo: todos somos pecadores, mas eu sou o maior de todos. E é então que, como uma brisa suave no meio do calor mais tórrido, como chuva fresca no meio de uma terra sedenta, a graça entra no meu coração. Ouço uma voz dizer que "agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, nosso Senhor". Caio de joelhos aos pés daquele que sofreu a condenação pelos meus próprios erros. Lágrimas de alegria inundam-me a face e o meu coração transborda de gratidão. As palavras são inúteis. É impossível usá-las para expressar essa gratidão e o espanto que a graça provoca. Aos pés de Jesus, junto-me a uma multidão de maltrapilhos, gente que sabe que comete erros em catadupa, mas que aprendeu o que de mais importante há para aprender na vida: "a Tua graça me basta". E limitamo-nos a cantar todos juntos "Holy, holy, holy is the Lamb."


5.9.09

Sete Vidas


«Não há maior amor do que este, de dar alguém a sua própria vida pelos seus amigos.»
João 15:13

Acabei há pouco de ver o filme Sete Vidas. É um filme tocante, poderoso, com uma história em que a tragédia e a compaixão se sobrepõem uma à outra e, no fim, ficamos com um gosto amargo na alma, sem perceber qual delas venceu... Na minha opinião de leigo, as actuações de Will Smith, Rosario Dawson e Woody Harrelson são perfeitas. É daqueles filmes que compensa ver, porque o resultado não são duas horas de vida perdidas, mas sim um coração sensibilizado.

É impossível resistir às comparações entre aquilo que Ben Thomas (Will Smith) faz no filme e aquilo que Jesus fez por nós.

(Aviso: aquilo que digo adiante pode ser considerado spoiler)

Ben Thomas sente-se o responsável pela morte de sete pessoas num acidente de viação, vive uma vida destruída pelo sentimento de culpa e, como tentativa de expiação dos seus pecados, procura ajudar pessoas em situações desesperadas, fazendo-se passar por inspector federal e concedendo perdão das suas dívidas. Ao mesmo tempo, prepara a sua morte, deixando tudo aquilo que tem às pessoas que procura ajudar: a sua casa, os seus bens... os seus órgãos. A certa altura, apaixona-se por Emily Posa (Rosario Dawson), uma mulher com um problema congénito no coração que, segundo os médicos, tem apenas alguns meses de vida. A única hipótese é um transplante de coração. Ben Thomas decide suicidar-se sob condições controladas de tal forma que o seu coração possa ser utilizado para salvar Emily.

Jesus fez algo parecido. Ele apaixonou-se por nós de tal forma que doou o seu próprio coração para substituir os nossos corações sujos e falíveis. Ele amou-nos de tal maneira que doou os seus próprios olhos para nós, que estavamos cegos, podermos agora ver. Nós, por causa do pecado, estavamos condenados à morte, mas Ele morreu para nos dar uma vida abundante e eterna. No entanto, há uma diferença fundamental entre aquilo que fez Jesus e aquilo que Ben Thomas faz no filme Sete Vidas: ao contrário de Ben, Jesus não deu tudo o que tinha para se redimir da sua culpa, mas sim para redimir a minha culpa... a tua culpa.

3.9.09

That's why it's called grace

Este blogue corre o risco de ser inundado por postes acerca da graça e eu corro o risco de me tornar num embaixador da graça de Deus (e aí está uma coisa na qual vale a pena arriscar). Quanto mais a observo à minha volta, quanto mais a experimento e quanto mais leio acerca dela, mais apaixonado estou! A ideia de que Deus anseia por nos receber nos Seus braços tal como estamos e que o Seu amor por nós permanece imutável e incondicional mesmo quando tropeçamos vezes sem conta é algo que permanentemente me faz confusão e me maravilha. Contraria a nossa tendência natural de negociar as coisas. Com Deus não há negócio possível.

Há de um lado um amor infinito e incondicional e do outro lado um pecador que necessita desse amor e que apenas tem que o aceitar. Há de um lado um Pai que espera ansiosamente pelo regresso do filho e que mal o vê ao longe corre ao seu encontro, abraça-o e faz uma festa e do outro lado um filho que fica estupefacto com a festa que o Pai lhe prepara depois de andar anos e anos a chafurdar na lama da vida. Há de um lado uma cruz com Deus feito homem a levar sobre si os nossos pecados e há aos pés da cruz um pecador contrito que, não podendo fazer nada para sair da condição de pecador com as suas próprias forças, repete apenas as palavras do publicano: "Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador." (Lucas 18:13)

Este vídeo ilustra bem aquilo que é a graça... e está disponível para todos, sem excepção, sem condições!