31.12.09

Pensamento Desconexo de Fim de Ano

Subo a custo a colina do tempo
Alheado do meu pensamento
Que vadia à distância

Tudo em mim é incerto
Sou feito de incoerência
Absurdamente orgulhoso de ser vazio

Abano, e de que maneira!, ao vento
Mas felizmente há uma Rocha!

25.12.09

Feliz Natal

O Above All deseja a todos os leitores um Natal alegre, com abundantes motivos para sorrir. Mas nesta época de consumismo tão exacerbado e em que as pessoas andam carregadas de um altruísmo sazonal, talvez para aplacarem as consciências impiedosas, não podemos deixar de reflectir uns segundos acerca da loucura do mundo, das discrepâncias entre ricos e pobres, da falta de amor e consideração uns pelos outros... O mundo é um comboio descarrilado que avança descontrolado para o caos e a loucura. E nós vamos assistindo a esta viagem, sentados confortavelmente dentro do comboio... Não há solução? Talvez haja e talvez a encontremos se pensarmos qual é o real significado do Natal. O Natal e a Páscoa são épocas festivas em que nos lembramos dos amigos e passamos mais tempo com a família e ao longo dos séculos fomos enfeitando estas épocas com tradições e hábitos irrelevantes, não nos apercebendo que, ao mesmo tempo, estavamos a sufocar o seu significado.

Não sei se já escrevi por aqui que vejo Jesus como o maior revolucionário de todos os tempos. Ele, que é Deus, fez-se muito menor do que aquilo é, tornando-se uma criança nascida em condições humildes e crescendo para ser um homem revolucionário, distribuindo graça e amor em catadupa num processo que teve o seu apogeu numa morte horrível, sob intenso desprezo e humilhação, e na posterior ressurreição! O Natal foi o primeiro passo nesse processo e hoje os cristãos continuam a celebrá-lo para que as pessoas se esqueçam que ainda há esperança. Há esperança para o mundo se as pessoas deixarem Jesus nascer nos seus corações e deixarem que Ele desenvolva nelas um processo semelhante de revolução. A revolução da graça e do amor, dos quais Ele é a fonte perfeita! Uma revolução que, por ser contagiante, contribuirá para amenizar o caos, pôr um pouco o comboio nos carris e até, quem sabe, mudarmos o destino desta viagem louca... Talvez seja uma utopia, mas como dizia o John Lennon, "You may say that I'm a dreamer, but I'm not the only one, I hope someday you will join us, and the world will be as one." O erro do John Lennon e de muitas outras pessoas é tirarem Deus e a excelência do Seu amor da equação.

Deixo-vos com duas músicas de Natal que exprimem, separadamente, dois sentimentos que queria partilhar com vocês.







24.12.09

Aprendizagem

Como uma adenda ao texto anterior aqui fica mais uma citação do livro Blue Like Jazz:

"Andrew is the one who thaught me that what I believe is not what I say I believe; what I believe is what I do. (...) Andrew would say that dying for something is easy because it is associated with glory. Living for something, Andrew would say, is the hard thing. Living for something extends beyond fashion, glory, or recognition. We live for what we believe, Andrew would say.

If Andrew is right, if I live what I believe, then I don't believe very many noble things. My life testifies that the first thing I believe is that I am the most important person in the world. My life testifies to this because I care more about my food and shelter and happiness than about anybody else.

I am learning to believe better things. I am learning to believe that other people exist, that fashion is not truth; rather, Jesus is the most important figure in history, and the gospel is the most powrful force in the universe. I am learning not to be passionate about empty things, but to cultivate passion for justice, grace, truth, and communicate the idea that Jesus likes people and even loves them."

Don Miller

Tentativa de tradução:

"O Andrew é quem me ensinou que aquilo em que eu acredito não é o que eu digo que acredito. O que acredito é o que faço. O Andrew diria que morrer por alguma coisa é fácil porque está associado à glória. Viver para alguma coisa, diria o Andrew, é que é difícil. Viver para algo estende-se para além da moda, da glória e do reconhecimento. Nós vivemos para aquilo em que acreditamos, segundo o Andrew.

Se o Andrew estiver certo, se eu vivo aquilo em que acredito, então eu não acredito em muitas coisas nobres. A minha vida testefica que a primeira coisa na qual eu acredito é que eu sou a pessoa mais importante do mundo. A minha vida testefica isto porque eu preocupe-me mais com a minha vida e o meu conforto e felicidade do que com qualquer outra pessoa.

Estou a aprender a acreditar em coisas melhores. Estou a aprender a acreditar que existem outras pessoas, que a moda não é a verdade; pelo contrário, Jesus é a figura mais importante da história e o evangelho é a força mais poderosa do universo. Estou a aprender a não ser apaixonado por coisas vazias, mas sim a cultivar paixão pela justiça, graça, verdade, e a comunicar a ideia de que Jesus gosta das pessoas e até as ama."

23.12.09

2009

Foi um ano cheio e rico, mas com o sabor agridoce que tem feito parte da minha vida desde que me conheço. A verdade é que o ano foi excelente, mas eu sou um gajo permanentemente insatisfeito com uma montanha de coisas. Não creio que isso seja necessariamente mau. É mau quando essa insatisfação não se traduz em inconformismo. Quando a pessoa dá lugar à insatisfação permanente na sua mente e no seu coração só tem dois caminho a seguir: ou não faz nada para a contrariar, o que acaba por levar à amargura e ao cinismo, ou arregaça as mangas e tenta perceber a causa da sua insatisfação, até que ponto é que ela é justa ou não e até que ponto ela pode ser vencida através da mudança das atitudes e dos hábitos. Eu já percorri ambos os caminhos na minha curta experiência de vida e, numa análise mais profunda, talvez seja levado a concluir que em certas áreas ainda percorro o caminho do cinismo. Mas os acontecimentos do ano de 2009 contribuíram para que tenha sido este o ano em que eu percorri mais quilometros no caminho do inconformismo, o ano em que eu mais arregacei as mangas. Se tivesse que escolher uma palavra para descrever este ano, escolheria a palavra brainstorm. Este ano as minhas ideias acerca de diversos temas foram reviradas, a minha fé foi reformulada e a graça de Deus tornou-se mais real para mim, num processo que começou de um modo mais discreto em 2008, mas que só em 2009 produziu a tal tempestade mental. Foi como uma explosão de ideias, algumas delas ideias novas, outras mais antigas, mas subitamente aclaradas, como que iluminadas por uma nova luz. Partilhei muitas dessas ideias ao longo do ano aqui no blogue e também na igreja e com alguns amigos. O rastilho que levou a essa explosão foi sem dúvida a leitura de meia-dúzia de livros soberbos! Vi-me confrontado pelas ideias de Brennan Manning, Shane Claiborne, Philip Yancey e Donald Miller, ideias ao mesmo tempo refrescantes e perturbadoras às quais não posso ficar indiferente. São sobretudo essas ideias que me têm levado a trilhar mais alguns quilometros no caminho do inconformismo. Mas a meta ainda está longe e eu não quero ficar por aqui... Não quero que esta revolução termine, até porque uma das coisas que eu aprendi este ano é que o cristianismo tem muito mais a ver com um caminho de revolução constante do que com um caminho tranquilo que o cristão percorre com uma alegria serena e imperturbável. «E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.» (Romanos 12:2)

Antes de começar a escrever este balanço de 2009, dei por mim a questionar-me qual seria a música que eu escolheria como a banda-sonora ideal para este ano. O mais provável é que a escolha recaísse sobre uma das músicas do TeenStreet. Mas nestes últimos dias do ano, nos quais o rasto agridoce que ele deixa parece acentuar-se, a música que parece fazer mais sentido partilhar com vocês não é tanto uma música que reflecte o meu 2009, mas sim uma música que projecta o meu 2010. Uma música que exprime o desejo de que em 2010 a tempestade, a explosão, the hurricane, the burning flame, continuem a "perturbar" a minha vida! Como diz o Shane Claiborne: "I know there are people out there who say, "My life was such a mess. I was drinking, partying, sleeping around... and then I met Jesus and my whole life came together," God bless those people. But me, I had it together. I used to be cool. And then I met Jesus and he wrecked my life. The more I read the gospel, the more it messed me up, turning everything I believed in, valued, and hoped for upside-down. I am still recovering from my conversion." Julgo que seria saudável se nós estivessemos receptivos a este tipo de transformação que o Shane experimentou, não só no momento da nossa conversão, mas ao longo de toda a caminhada cristã. Seria frutífero se aprendessemos a abrir mão do nosso conforto, da nossa segurança, das nossas ideias, dos nossos preconceitos, para contruírmos vidas e igrejas mais preparadas para dar resposta àquelas que são as reais necessidades de um mundo com sede de graça e de amor. "I don't wanna be safe..."



21.12.09

Uma oração

Tu olhas p'ra mim
e vês tudo em mim
Tu conheces o meu coração
É impossível esconder

Conserta o meu caminhar
Só a Ti eu quero agradar

Minha alma chora quando peca contra Ti
Limpa tudo o que há em mim
Muda tudo o que vês em mim
Ensina-me a ser como Tu és
Treina-me a andar na Tua vontade

Limpa tudo o que há em mim
Muda tudo o que vês em mim
Motiva-me a ser perfeito para Ti
Motiva-me a ser perfeito para Ti

Letra da música Motiva-me de Héber Marques

16.12.09

Self-imprisoned

All this is flashy rhetoric about loving you.
I never had a selfless thought since I was born.
I am mercenary and self-seeking through and through;
I want God, you, all friends, merely to serve my turn.

Peace, reassurance, pleasure, are the goals I seek,
I cannot crawl one inch outside my proper skin;
I talk of love - a scholar's parrot may talk Gree -
But, self-imprisoned, always end where I begin.

C.S.Lewis
(via Blue Like Jazz, Don Miller)

5.12.09

Blue Like Jazz

"I was watching BET one night, and they were interviewing a man about jazz music. He said jazz music was invented by the first generation out of slavery. I thought that was beautiful because, while it is music, it is very hard to put on paper; it is so much more a language of the soul. It is as if the soul is saying something about freedom. I think Christian spirituality is like jazz music. I think loving Jesus is something you feel. I think it is something very difficult to get on paper. But it is no less real, no less meaningful, no less beautiful.

The first generation out of slavery invented jazz music. It is a music birthed out of freedom. And that is the closest thing I know to Christian spirituality. A music birthed out of freedom. Everybody sings their song the way they feel it, everybody closes their eyes and lifts up their hands."

Tentativa de tradução:

"Estava a ver a BET uma noite, e eles estavam a entrevistar um homem acerca de música jazz. Ele disse que o jazz foi inventado pela primeira geração livre da escravatura. Eu achei isso lindo porque, apesar de ser música, o jazz é muito difícil de pôr no papel; é muito mais uma linguagem da alma. É como se a alma estivesse a dizer algo acerca da liberdade. Eu penso que a espiritualidade Cristã é como a música jazz. Penso que amar Jesus é algo que tu sentes. Penso que é algo muito difícil de pôr no papel. Mas não é por isso que se torna menos real, com menos significado, com menos beleza.

A primeira geração livre da escravatura inventou o jazz. É uma música gerada pela liberdade. E isso é a coisa mais próxima que eu conheço da espiritualidade Cristã. Uma música gerada pela liberdade. Toda a gente canta as suas canções do jeito que as sentem, toda a gente fecha os seus olhos e levanta as suas mãos."

Excerto do livro Blue Like Jazz, de Donald Miller, um livro que é, digamos, hmm, BRUTAL!!!

30.11.09

Estado de graça

Dizia-me o Rui no Facebook a propósito dos mais recentes resultados do Benfica, em particular o empate em Alvalade: "Terá expirado o estado de graça do treinador do Benfica?" Talvez sim, talvez sim... como benfiquista espero que não, mas a verdade é que nos ultimos anos os treinadores do Benfica têm invariavelmente passado de um estado de graça para o estado de desgraça, por não corresponderem à sede de golos e de troféus dos adeptos.

Mas talvez esta frase do Rui dê o mote para uma comparação oportuna: o estado de graça de Jesus, o treinador, pode estar a terminar, mas o estado de graça de Jesus, o salvador, continua actual e eficaz. Os adeptos do Manchester United costumavam cantar "there's only one Ronaldo!", como quem diz que o futebol do Cristiano Ronaldo ofuscava o futebol do Ronaldo brasileiro. Os cristãos podem fazer uma adaptação deste cântico, "There's only one Jesus", como quem diz que a graça de Jesus, o salvador, eclipsa todos os troféus com os quais Jesus, o treinador, venha, eventualmente, a agraciar os benfiquistas. Mais do que sede de troféus, o mundo tem sede de graça. E Jesus é a fonte dessa graça!

Ao escrever este pensamento, vem-me à mente inevitavelmente Isaías 55:

"Ouçam! Alguém tem sede? Venha e beba mesmo que não tenha dinheiro! Venha, escolha o que quiser de vinho e leite - é tudo de graça! Porque é que gastam o dinheiro naquilo que não vos alimenta? Porque razão hão-de aplicar o produto do vosso trabalho em coisas que não vos servem de nada? Ouçam-me bem, e dir-vos-ei onde podem obter o melhor alimento que fortalecerá a vossa alma!"

Gosto especialmente dos últimos versículos do capítulo. Uma metáfora daquilo que acontece na vida daqueles que aceitam que a graça de Deus regue a sua alma sedenta:

"Tal como a chuva e a neve descem do céu sobre a terra para a regar, tornar produtiva a vegetação, dar vida à natureza, para que as sementes se reproduzam e haja pão para quem tem fome, assim é a minha palavra. Ela sai da minha boca e dá sempre fruto. Realizará sempre o que pretendo, e prosperará por toda a parte para onde a mande. Com alegria sairão, e em paz serão guiados. As montanhas e as colinas, as árvores dos campos, todo o mundo à vossa volta se alegrará e estará em festa. Onde antes havia espinhos crescerão faias; em lugar de sarças ver-se-ão murtas a desenvolver-se por toda a parte. Este milagre tornará muito grande o nome do Senhor e será um sinal para sempre."

(citações bíblicas retiradas da tradução contemporânea O Livro)

29.11.09

Pensamentos #10: Ser Cristão

«Ser cristão é uma coisa que nunca ficará bem definido em palavras.
É uma assimptota para tudo o que conseguires dizer.
Nunca vais conseguir descrever tudo, mas também consegues passar toda uma vida a aproximar-te da definição perfeita...
Mas a primeira aproximação é simplesmente
"seguidor de Cristo"»

Carlos Paulo (numa caixa de comentários deste blogue)

28.11.09

Shout!: Rejoice



Estes tipos são do melhor que há por cá, tão certo como o meu primeiro nome ser David! Não vos apetece bater palmas, dançar e cantar? Não sentem que esta música incendeia a alma e que o mundo seria um lugar bem melhor se todos tivessemos este fogo dentro de nós? Rejoice!!

26.11.09

Pensamentos #9: Blessings

"When I'm worried and I can't sleep
I count my blessings instead of sheep."
Irving Berlin

("Quando estou preocupado e não consigo dormir
conto as minhas bençãos em vez de contar ovelhas.")

20.11.09

A Bíblia é muito fixe!!

Hoje passei o serão à volta da Bíblia para preparar uma noite de reflexão+debate no grupo de jovens da minha igreja. A ideia é reflectir acerca das diferenças que o cristianismo faz (ou devia fazer) nas nossas vidas em várias vertentes. Umas mais práticas (o modo como falamos, como nos relacionamos, como tratamos o próximo...) e outras mais conceptuais (o nosso conceito de felicidade, a nossa forma de lidar com o futuro e com a morte, etc...). Foi muito interessante pesquisar o que é que a Bíblia tem a dizer em relação a estes assuntos. E mais uma vez fiquei surpreendido com a actualidade e profundidade da Bíblia. A Bíblia é muito fixe!!! Posso fazer minhas as palavras do salmista:

"Cobre a minha vida com a tua misericórdia e com a tua salvação, a tua palavra. E assim terei alguma coisa a responder ao que me ataca, pois apoio-me na tua palavra. Que eu nunca me esqueça da palavra da verdade, pois é a minha única esperança. Porque é assim que poderei obedecer continuamente à tua lei, nesta vida e até na eternidade! E é assim que desfrutarei da liberdade: procurando seguir os teus preceitos. Poderei dessa forma anunciar os teus mandamentos até na presença de governantes, sem ter de me envergonhar. Tenho toda a alegria nos teus mandamentos, porque os amo. A minha oração é que nunca deixe os teus estatutos, não só porque os amo, mas também porque quero meditar neles."

Salmo 119: 43 a 48 (Tradução O Livro)

11.11.09

Seguidores de Cristo

Apresento as minhas desculpas: na ausência de tempo e/ou inspiração para a escrita, encher o blogue com citações revela falta de originalidade. Mas considero estas citações pertinentes e já que a maioria dos leitores do blogue não estará na disposição de ler um livro do Shane Claiborne, confronto-vos pelo menos com algumas das suas afirmações que mais mexeram comigo.

Entretanto estou a ler outro livro dele, desta vez em co-autoria com John Perkins. Hoje na minha rotineira viagem de comboio, após ler algumas páginas do livro, dei por mim a pensar que o problema dos cristãos e o problema das igrejas é que passamos o tempo preocupados em falar do cristianismo. Apontamos as doutrinas básicas que qualquer cristão deve entender e aceitar como dogmas. Estudamos e discutimos as passagens bíblicas ao sabor da interpretação que mais nos convém e entramos em confronto com outros grupos de cristãos cuja interpretação é diferente da nossa. Há multidões a falarem de cristianismo... e muito poucos a viverem o cristianismo. Cada vez estou mais convencido de três coisas:

1) O cristianismo tem pouco a ver com uma boa parte daquilo que constitui a mensagem das igrejas ditas cristãs. Num dos muitos livros que li ultimamente (neste momento não me lembro qual) li um pensamento curioso: se tentássemos fundar uma religião cujos ensinos fossem opostos aos de Jesus, encontraríamos uma religião muito parecida com o cristianismo que conhecemos, o cristianismo "ocidentalizado", feito à nossa medida... Esta é uma opinião exagerada, mas é triste verificar que tem o seu quê de verdade. É por isso que faz sentido dizer aquilo que um amigo do Shane Claiborne um dia lhe disse: «Vou deixar o cristianismo e vou passar a seguir Jesus.»

2) Há princípios essenciais que devem constituir os pilares da fé de qualquer cristão. Mas não são tão complexos assim e atrevo-me até a dizer que, se for necessário, podemos resumi-los facilmente num versículo ("Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna." João 3:16). Para além do essencial, há muita coisa que é acessória. Há muita doutrina que pode servir de edificação para alguns cristãos mas que para outros não passará de um fardo a fazer peso sobre a sua fé. Longe de mim sugerir que a igreja não doutrine os crentes. O que sugiro é que essas doutrinas sejam alvo de análise nas igrejas, sejam estudadas, explicadas e assimiladas sem imposição. E que se permita que os crentes duvidem e questionem, em vez de se verem sobrecarregados com dogmas obrigatórios.

3) É muito perigoso e infrutífero ficarmos presos a discussões sobre o cristianimo com aqueles que têm visões diferentes das nossas. Essas discussões são estereis. O cristianismo não é para ser discutido, é para ser vivido. Ser cristão não é acreditar numa lista infindável de dogmas. Ser cristão é ser seguidor de Cristo. Ou, dito de uma forma, mais profunda, ser cristão é ser as mãos, os pés, os olhos, a voz de Cristo na terra. Podemos falar muito do cristianismo, mas só somos cristãos quando passamos à prática. O mundo não precisa de igrejas cheias de gente que julga saber muito bem o que é ser cristão. O mundo precisa de seguidores de Cristo.

10.11.09

Shane Claiborne Quotes #6

«The gospel is good news for sick people and is disturbing for those who think they've got it all together. Some of us have been told our whole lives that we are wretched, but the gospel reminds us that we are beautiful. Others of us have been told our whole lives that we are beautiful, but the gospel reminds us that we are also wretched. The church is a place where we can stand up and say we are wretched, and everyone will nod and agree and remind us that we are also beautiful.»
Shane Claiborne, The Irresistible Revolution

Tentativa de tradução:
«O evangelho é boas notícias para as pessoas doentes e é perturbador para aqueles que pensam que têm a sua vida toda em ordem. Alguns de nós temos sido considerados toda a vida uns desgraçados, mas o evangelho lembra-nos que nós somos belos. Outros de nós temos sido considerados belos toda a vida, mas o evangelho lembra-nos que nós também somos uns desgraçados. A igreja é um local onde nós nos podemos levantar e dizer que somos desgraçados, e toda a gente vai acenar com a cabeça, concordando e lembrar-nos que também somos belos.»

3.11.09

Shane Claiborne Quotes #5

«It's a shame that a few conservative evangelicals have had a monopoly on the word conversion. Some of us shiver at the word. But conversion means to change, to alter, after which something looks different than it did before - like conversion vans or converted currency. We need converts in the best sense of the word, people who are marked by the renewing of their minds and imaginations, who no longer conform to the pattern that is destroying our world. Otherwise, we have only believers, and believers are a dime-a-dozen nowadays. What the world needs is people who believe so much in another world that they cannot help but begin enacting it now.»

Shane Claiborne, The Irresistible Revolution

Tentativa de tradução:
«É uma pena que alguns evangélicos conservadores tenham tido um monopólio sobre a palavra conversão. Alguns de nós estremecem com a palavra. Mas conversão significa mudar, alterar, após a qual alguma coisa parece diferente daquilo que era antes - como carrinhas convertidos ou moeda convertida. Precisamos de convertidos no melhor sentido da palavra, pessoas que estejam marcadas pelo renovar das suas mentes e imaginações, que já não se conformam com o padrão que está a destruir o nosso mundo. Caso contrário, temos apenas crentes, e crentes assim são vulgares por estes dias. O que o mundo precisa é de pessoas que acreditam tanto num outro mundo que não conseguem impedir-se de o pôr já em acção.»

29.10.09

Ponto de Luz

Estou a ter uma semana complicada, com muito trabalho que se segue a um fim de semana que, apesar de ter sido excelente, não serviu para descansar. Às vezes tenho dificuldade em lidar com a pressão do trabalho e das responsabilidades, sobretudo quando me é exigido mais empenho e esforço. E o principal culpado por essa dificuldade sou eu, uma vez que não tenho por hábito exigir a mim próprio esse empenho e esse esforço e, por isso, não me habituo à pressão inerente. Esta semana está a ser uma semana de pressão... Por isso soube muito bem chegar a casa ontem às 23 horas e, num rápido passeio pelo youtube para descontrair, encontrar esta pérola:



A música da Sara tem sempre efeitos secundários extremamente positivos, mas descobrir esta música ontem, caiu que nem ginjas!

Shane Claiborne Quotes #4

«I've met a lot of Christians who say, "If people knew about all of my struggles and weaknesses, they would never want to be a Christian". I think just the opposite is true. If people really knew what idiots we are, in all our brokeness and vulnerability, they would know that they can give this thing a shoot too. Christianity is for sick people.»
Shane Claiborne, The Irresistible Revolution

Tentativa de tradução:
«Tenho conhecido muitos Cristãos que dizem, "Se as pessoas conhecessem todas as minhas lutas e as minhas fraquezas, elas nunca quereriam ser Cristãs". Eu penso que apenas o contrário é verdade. Se as pessoas soubessem realmente o quão idiotas nós somos, em toda nossa fragilidade e vulnerabilidade, elas perceberiam que também podem tentar este caminho. O Cristianismo é para pessoas doentes.»

22.10.09

Shane Claiborne Quotes #3

«Whenever someone tells me they have rejected God, I say, "Tell me about the God you've rejected." And as they described a God of condemnation, of laws and lightning bolts, of frowning gray-haired people and boring meetings, I usually confess, "I too have rejected that God."»
Shane Claiborne, The Irresistible Revolution

Tentativa de tradução:

«Sempre que alguém me conta que rejeitou Deus, eu peço, "Fala-me acerca do Deus que tu rejeitaste." E enquanto a pessoa descreve um Deus de condenação, de leis e relâmpagos, de pessoas com cabelo cinzento e o cenho franzido e de reuniões aborrecidas, eu geralmente confesso: "Eu também rejeitei esse Deus."»

18.10.09

A Igreja: uma família ou um tribunal?

Acrescentei um novo vídeo à barra lateral do blogue. Este! Já o vi mais de uma dezena de vezes e continua a mexer comigo. É um vídeo que promove uma igreja específica nos EUA, mas, no fundo, este vídeo devia promover a Igreja no seu todo. Devia ser uma ilustração da Igreja não como instituição criada pelos homens, mas como uma família de pessoas (ou de maltrapilhos, palavra tão bem empregue por Brennan Manning) que habitam à sombra da cruz e vivem no e pelo Amor do Pai... As diferenças entre o conceito de Igreja que o vídeo sugere e as igrejas que na realidade existem são enormes. Talvez seja tempo de fazermos uma reflexão sobre a forma como estamos a desempenhar o nosso papel de Igreja. E talvez seja tempo de pedirmos perdão àqueles que procuram na Igreja uma família e têm encontrado um tribunal...

16.10.09

Manso e suave

Vivemos num mundo onde a publicidade é rainha. Qualquer marca, empresa, filosofia, evento, entidade política, desportiva ou relogiosa encontra no marketing uma arma poderosa para alienar pessoas. A cada dia somos bombardeados por diversos tipos de convites. Convites ao consumismo, convites de ideias sedutoras, convites para termos, para sermos, para fazermos... O barulho é ensurdecedor e as pessoas andam sem rumo, num esforço hercúleo, mas caótico, para satisfazer todos os convites. A quantidade de informação e de vozes à nossa volta é tão grande que se torna tarefa difícil discernir aquilo que nos convém, perceber quando devemos dizer "sim" e quando devemos responder "não". O nosso carácter é atropelado pelos convites da sociedade, pelo excesso de oferta. Por vezes, dizer "sim" significa dar uma parte de nós, arrancar um pedaço da nossa identidade.

Entretanto, há um convite constante que nós ignoramos. O apelo de Jesus! Muitas vezes não o ouvimos, pois permanece abafado pelos ruídos à nossa volta. Outras vezes ouvimos o seu sussurro, mas adiamos a resposta e preferimos responder primeiro a milhares de convites que parecem mais sedutores - mas são supérfluos e, eventualmente, prejudiciais.

Mas, ainda assim, Ele chama-nos constantemente para termos comunhão com Ele. Para nos entregarmos nos seus braços de amor. Não nos força, não usa o marketing, nem a publicidade enganosa, não entra nesse jogo. Pelo contrário, chama-nos com uma voz suave e amorosa e tem como logótipo uma rude cruz de madeira, desprovida de beleza. Talvez tenhamos dificuldade em reconhecer a sua voz. Mas Ele continua a chamar por nós, anelando pelo momento em que nós o escutamos e, finalmente, corremos para Ele dizendo simplesmente "aqui estou eu".

Como diz a letra do antigo hino "Manso e suave, Jesus está chamando..." Podemos responder a este apelo de várias formas. Podemos rejeitar, continuar a adiar a resposta, fingir ouvidos moucos... ou aceitar. Aceitar sabendo este é o único apelo ao qual podemos dizer "sim" certos de que não vai ser arrancado nenhum bocado da nossa identidade... pelo contrário, é nos braços de Jesus que a nossa identidade se completa e que nos sentimos plenamente realizados!

E tu, qual tem sido a tua resposta quando Jesus chama por ti?

6.10.09

Kierkegaard: uma primeira citação para abrir o apetite

«The matter is quite simple. The Bible is very easy to understand. But we Christians are a bunch of scheming swindlers. We pretend to be unable to understand it because we know very well that the minute we understand, we are obliged to act accordingly. Take any words in the New Testament and forget everything except pledging yourself to act accordingly. My God, you will say, if I do that my whole life will be ruined. How would I ever get on in the world? Herein lies the real place of Christian scholarship. Christian scholarship is the Church's prodigious invention to defend itself against the Bible, to ensure that we can continue to be good Christians without the Bible coming too close. Oh, priceless scholarship, what would we do without you? Dreadful it is to fall into the hands of the living God. Yes it is even dreadful to be alone with the New Testament.»

Soren Kierkegaard

Ouch!!!!!!!!!

Um dia destes vou ler as obras deste filósofo existencialista cristão... Isto é uma ameaça, depois não se queixem se o resultado não for bonito.

5.10.09

As Rosas

«A vida até pode ser um mar de rosas, mas não te esqueças que as rosas também têm espinhos.»

Há uns anos uma amiga disse-me isto, não como um clichê, mas como uma advertência para a forma negligente como eu estava a enfrentar alguns problemas. Na altura as palavras da minha amiga fizeram todo o sentido e acabaram por servir de incentivo. Mas com o passar do tempo, com o desenrolar do vida, esqueço-me constantemente desta verdade. Ignorar os problemas é-me muito mais natural que enfrentá-los de frente. Em muitos dos dilemas que vivo, procuro a solução mais fácil, mesmo que não seja a mais correcta. Contudo, recentemente, as palavras da minha amiga voltaram a bater à porta do meu pensamento... voltaram a fazer todo o sentido e a ecoar na minha alma repletas de razão. Os espinhos fazem parte da vida. Os sacrifícios, os dilemas, o esforço, as lágrimas... Sobretudo quando temos o propósito de não viver à deriva, mas com alvos definidos, com sonhos para realizar e objectivos para alcançar.


30.9.09

O Amor Selvagem de Deus

Bem sei que isto não se aplica a todos os versos da música, mas não resisto a comparar o amor expresso neste poema com o amor que Deus sente por nós, por mim... E, conhecendo a carreira e a personalidade do Stevie Wonder, acredito que esta comparação também lhe tenha passado pela cabeça quando escreveu a letra da música e quando a compôs. Esta música é o apogeu artístico daquele que é um dos grandes músicos da história. Pessoalmente, ainda não conheci nenhum músico com uma carreira tão rica e revolucionária e com uma qualidade tão monstruosa quanto a do Stevie. Não quero entrar aqui em detalhes acerca da história do Stevie, mas para quem quiser saber mais refiro um texto que escrevi no meu antigo blogue. Queria apenas deixar-vos a tal música. Chama-se As e é mais conhecida na versão de Mary J. Blidge e George Michael. Mas a versão original do Stevie é muito melhor. É uma ode ao amor! Pode aplicar-se ao amor entre um homem e uma mulher, aquele amor que une duas pessoas por toda a vida, mas também se aplica ao amor em geral, o amor que é o sentimento mais nobre (porque provém de Deus) que o ser humano pode sentir.... Tem versos que são desafios à imaginação, escritos com um toque de infantilidade e de paixão:

Until the day is night and night becomes the day - ALWAYS
Until the trees and seas just up and fly away - ALWAYS
Until the day that 8x8x8 is 4 - ALWAYS
Until the day that is the day that are no more
Did you know that you're loved by somebody?
Until the day the earth starts turning right to left - ALWAYS
Until the earth just for the sun denies itself
I'll be loving you forever


É assim que Deus nos ama! E é com a mesma infantilidade e paixão que nos podemos deliciar com esse amor.


27.9.09

Shane Claiborne Quotes #2

"I know there are people out there who say, "My life was such a mess. I was drinking, partying, sleeping around... and then I met Jesus and my whole life came together," God bless those people. But me, I had it together. I used to be cool. And then I met Jesus and he wrecked my life. The more I read the gospel, the more it messed me up, turning everything I believed in, valued, and hoped for upside-down. I am still recovering from my conversion."

24.9.09

Conta-me Uma História

Há algumas semanas atrás estive num almoço de família, comemorando o 90º aniversário de uma tia minha. A minha tia é esposa de um pastor que foi responsável por várias igrejas em Portugal e foi missionário em Angola. Depois do almoço contaram-se histórias. Filhos, sobrinhos e amigos da minha tia recordaram o passado, os momentos tristes e alegres, episódios que causaram dor ou riso, recortes de uma vida repleta de experiências ao serviço do Pai e do próximo. Foram histórias sem preço que ouvi naquela tarde. Histórias de familiares que viveram numa época diferente da minha, com mais obstáculos e dificuldades, mas com uma dependência radical de Deus e uma vida muito mais aventureira do que aquela que hoje vivo. Às vezes a nossa tendência, por nos julgarmos gente "moderna" do século XXI, é desprezar aquilo que os mais velhos têm para ensinar. Já não temos paciência para ouvir as histórias. E, no entanto, elas são tão ricas...

Tenho muitos pastores e missionários na família. E ao longo do meu crescimento fui ouvindo histórias de vários tios cujo trabalho em prol do Reino foi marcante e cujas vidas foram bonitas! Hoje sei que essas histórias deixaram em mim uma herança indelével, apesar de eu nem sempre me ter apercebido dela. As histórias que ouvi levaram-me a admirar esses meus tios, grandes aventureiros!

Recordo com particular saudade as visitas de um tio à minha casa, ex-pastor de várias igrejas em Portugal, ex-missionário em Timor e que hoje vive nos Estados Unidos. O jantar era sempre marcado por histórias e por gargalhadas dos mais velhos, enquanto eu e a minha irmã respondiamos com leves risadas, muitas vezes sem perceber bem o conteúdo das conversas ou sem lhes dar o devido valor. Durante muitos anos ele era presença frequente na minha igreja, como orador convidado. E aí toda a gente gostava dele (ou, se não gostavam, disfarçavam bem). Pregava a contar histórias! Histórias provenientes de uma vida com experiências enriquecedoras e de um coração bom. Esse meu tio é em muitos aspectos o meu ideal de velhote: já dei por mim várias vezes a pensar que quando for velhote quero ser um velhote feliz como ele.

Sempre gostei de histórias e talvez seja por isso que o meu género literário favorito são as biografias. Gosto de conhecer histórias de pessoas. Temos muito a aprender, mesmo com pessoas comuns que, aparentemente, não tenham feito nada de relevante.

Há colectâneas de histórias muito boas. Por exemplo, os livros "Histórias Para O Coração", que contêm histórias recolhidas por Alice Gray. Li alguns livros desta colecção há alguns anos e não foram poucas as noites em que adormeci com os olhos húmidos por culpa das histórias que tinha acabado de ler.

Agora estou a ler um livro chamado Let Me Tell You a Story, uma colecção de histórias compiladas, vividas ou ouvidas por Tony Campolo. Histórias que nos levam a reconhecer traços da personalidade e do carácter do Pai através de episódios das vidas de pessoas comuns. Com o subtítulo "Life Lessons from Unexpected places and unlikely People", este livro é mais um que nos faz mergulhar no maravilhoso mundo das histórias. Tony Campolo é um contador de histórias nato - diz ele que aprendeu com a sua mãe, também ela uma especialista nesta arte. A maior parte dos pregadores baseia os seus sermões na doutrina cristã, na teologia. Tony Campolo usa as histórias como a sua própria teologia. Diz ele: «someone else suggested that I use stories instead of theology as a basis for my sermons, but I must tell you that, in the end, my stories do not illustrate my theology - they are my theology. I choose to tell truths about myself, about others, and most of all about God, not with theological statements, but with stories.»

É engraçado constatar que Jesus também ensinou teologia através de histórias. É nas parábolas que encontramos a essência do Reino de Deus e do Amor do Pai. Jesus contava histórias às multidões e mesmo as suas conversas com os discípulos estão repletas de ilustrações e de exemplos da vida quotidiana daquela época. No sermão da montanha - "the best sermon ever" nas palavras de Shane Claiborne - Jesus aborda uma vasta gama de problemas pelos quais nós passamos e dá-nos indicações muito precisas e valiosas daquilo que significa ser Seu seguidor. Mas não o faz recorrendo a um sermão enfadonho e repleto de afirmações teológicas imperceptíveis e impraticáveis. Jesus recorre a ilustrações como "o sal", "a luz", "os lírios do campo", "as árvores do céu" e "a casa construída sobre a rocha". Acredito que a teologia tem a sua importância e o seu valor, mas pode tornar-se inacessível e dúvido muito da relevância de uma teologia cujo resultado seja apenas doutrina abstracta. Ainda que respeite quem estuda tal teologia, creio que o mundo não precisa de teologia que não tenha como objectivo a relação com Deus e que não seja passível de ser aplicada na vida prática.

Arrisco mesmo a dizer que Jesus terá sido o melhor contador de histórias de sempre. Ele contou-nos histórias que nos permitem conhecer o Pai e contou-nos essas histórias como nenhuma outra pessoa poderia contar - porque Ele e o Pai são um só. Histórias como a do filho pródigo, a da ovelha perdida ou a moeda perdida, contêm a melhor teologia jamais feita! Julgo que se o Espírito Santo nos revelasse o significado pleno dessas histórias nós teríamos automaticamente conhecimento de toda a teologia que necessitamos para uma vida cristã abundante. É pena que essas parábolas estejam hoje tão batidas, que se torna difícil encontrar nelas algo de novo, algo de relevante, para além das verdades valiosas "Deus ama os pecadores", "Deus está de braços abertos à tua espera", "Deus está à tua procura", que infelizmente se tornaram afirmações corriqueiras, ao ponto de soarem desprovidas de significado. Por vezes, ao reler estas histórias, Deus presenteia-me com vislumbres do seu real significado: delicio-me com o tamanho do amor de Deus, com a loucura e a extravagância desse amor e com o anseio que Ele sente por ter comunhão connosco... E é então que essa comunhão se torna irresistível!

Contar histórias é uma arte que raras vezes é valorizada na sociedade e nas igrejas... Uma boa história amacia e derrete um coração. Uma história bonita e simples tem o condão de nos aquecer da mesma maneira que uma lareira numa noite de Inverno. Ao sermos confrontados com uma boa história, somos levados a despir a nossa carcaça de insensibilidade, o riso e o choro tornam-se irresistíveis, tornamo-nos mais humanos, mais genuínos...

Por todas estas razões, vá lá, conta-me uma história...

20.9.09

TeenStreet, o meu vídeo

Este é o meu primeiro vídeo para o Youtube. Está um bocadinho aldrabado, mas a ideia é mostrar aos teens da minha igreja que o TeenStreet é fixe e acho que o vídeo consegue mostrar isso.

18.9.09

"SIM"

Sou um tipo um bocado lamechas e por isso gosto dos programas de televisão do género X-factor quando pessoal com o sonho de ser artista se apresenta diante dos júris tentando surpreende-los com o seu talento e obter deles o tão desejado "SIM". É giro quando do nada surge um concorrente com uma voz extraordinária que provoca arrepios em toda a plateia. É claro que muitos destes programas são preparados de modo a puxar pelas emoções e há muitas histórias e atitudes pelo meio que parecem ser fingidas. Mas isso não invalida que seja bonito ver um talento a afirmar-se, deixando de lado a vergonha e os medos e contribuindo para tornar o mundo mais colorido através da boa música - aquela que brota do coração.

Estes shows têm o outro lado menos feliz. Os concorrentes que perseguem o sonho de vir a ter uma carreira musical, mas que não têm o talento necessário para lá chegar. Tais concorrentes correm o risco de ser vaiados pela plateia e gozados pelo júri. Nós tomamo-los por tolos e abanamos a cabeça com pena deles ou, pior ainda, rotulamo-los de patéticos e tornamo-los alvo de piadas. Esses concorrentes ouvem o temido "NÃO" que destroça os seus sonhos e que custa a aceitar.

Tenho que confessar que quando vejo este tipo de concorrentes também sou tentado a rir-me deles e muitas vezes faço-o. Mas por vezes resisto a essa tentação e dou por mim incomodado com toda a situação. Apetece-me mudar de canal para não ter que assistir àquela cena. Nunca percebi muito bem o que é que esses momentos televisivos têm de tão peculiar que me leva a sentir-me desconfortável. Até que me ocorreu que talvez eu me identifique com estes concorrentes.

Num outro contexto e com um outro júri, muitas vezes dou por mim a exibir os meus "talentos" patéticos de modo a obter aprovação e o tão desejado "SIM". Esforço-me para aprender a executar bem a minha prova, estudo bem a matéria e convenço-me de que sou capaz. O júri tem fama de ser cruel, mas eu avanço destemido sem noção de que estou a fazer uma figura ridícula. A prova não corre como eu esperava e ao longo da minha exibição vou sendo assobiado por um ou outro elemento da plateia. O júri não parece nada impressionado com o que eu fiz, apesar de todos os meus malabarismos para lhe agradar. Ele olha-me com um olhar ar triste e abana a cabeça com condescendência, tal como um pai perante os disparates de uma criança. Perante tal reacção, eu fico cabisbaixo à espera de ouvir o temido "NÃO", mas um pouco reconfortado porque não vejo o júri adoptar a tal postura cruel...

Até que, com espanto, ouço o que o júri tem a dizer em relação à minha prova: "Filho, não percebo o que estás a fazer. Tu já estás previamente aprovado, não precisas de me tentar impressionar dessa forma. SIM. SIM. SIM."

"Não há nada que possas fazer que leve Deus a amar-te mais. Não há nada que possas fazer que leve Deus a amar-te menos."

E para terminar este post, um vídeo que não me canso de ver e que me derrete o coração =)

Shane Claiborne Quotes #1

"I was just another believer. I believed all the right stuff - that Jesus is the Son of God, died and rose again. I had become a "believer", but I had no idea what it means to be a follower. People had taught me what Christians believe, but no one had told me how Christians live."

17.9.09

Sonhos...

Este é um poste muito pessoal. Mas sinto uma grande necessidade de o escrever. Um impulso irresistível para partilhar os sonhos que me enchem o coração. Estou na minha faculdade, sentado na minha secretária na presença de vários livros, artigos e apontamentos repletos de teoremas e definições da matemática mais avançada que já tive que estudar. A motivação é pouca e acabo por ir parar ao Youtube, à procura de mais vídeos do Shane Claiborne. Encontro várias entrevistas interessantes e, como os links são como as cerejas, quando dou por mim estou absorvido por estes sites:

http://www.thesimpleway.org/

http://www.missionyear.org/

http://www.aimint.org/usa

http://www.logoshope.org/


E sonho!... É como diz a canção que já aqui deixei:

I BRING MY HEART
MY HANDS MY FEET
TO SHARE YOUR LOVE
WITH THOSE IN NEED
LET IT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU
USE MY VOICE
TO TELL YOUR STORY
USE MY ARMS
TO HOLD THE LONELY
LET THAT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU

15.9.09

A Tua graça me basta

Conduzidos pelo nosso orgulho e pela nossa auto-imagem distorcida, é-nos muito difícil reconhecer que os nossos esforços para sermos bons de nada valem. Por muito que lutemos, estamos constantemente a errar. Como dizia Paulo, queremos fazer o bem, mas acabamos por fazer o mal. E, por vezes, somos abençoados com vislumbres de quem nós somos na realidade. Ao aproximar-me de Deus e ao contemplar a santidade de Jesus, reparo que ela contrasta com a minha vida. Por muito que eu tente brilhar, o meu brilho são trevas quando comparado com o esplendor de Jesus. Deparo-me então com os meus erros, com os meus fracassos, com a minha condição de pecador e permaneço, durante um segundo, estarrecido. Nesses momentos, sou plenamente convencido de que os meus actos não merecem o amor e o perdão como resposta e o terror apodera-se de mim. Sinto-me condenado. Sou levado a fazer minhas as palavras de Paulo: todos somos pecadores, mas eu sou o maior de todos. E é então que, como uma brisa suave no meio do calor mais tórrido, como chuva fresca no meio de uma terra sedenta, a graça entra no meu coração. Ouço uma voz dizer que "agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, nosso Senhor". Caio de joelhos aos pés daquele que sofreu a condenação pelos meus próprios erros. Lágrimas de alegria inundam-me a face e o meu coração transborda de gratidão. As palavras são inúteis. É impossível usá-las para expressar essa gratidão e o espanto que a graça provoca. Aos pés de Jesus, junto-me a uma multidão de maltrapilhos, gente que sabe que comete erros em catadupa, mas que aprendeu o que de mais importante há para aprender na vida: "a Tua graça me basta". E limitamo-nos a cantar todos juntos "Holy, holy, holy is the Lamb."


5.9.09

Sete Vidas


«Não há maior amor do que este, de dar alguém a sua própria vida pelos seus amigos.»
João 15:13

Acabei há pouco de ver o filme Sete Vidas. É um filme tocante, poderoso, com uma história em que a tragédia e a compaixão se sobrepõem uma à outra e, no fim, ficamos com um gosto amargo na alma, sem perceber qual delas venceu... Na minha opinião de leigo, as actuações de Will Smith, Rosario Dawson e Woody Harrelson são perfeitas. É daqueles filmes que compensa ver, porque o resultado não são duas horas de vida perdidas, mas sim um coração sensibilizado.

É impossível resistir às comparações entre aquilo que Ben Thomas (Will Smith) faz no filme e aquilo que Jesus fez por nós.

(Aviso: aquilo que digo adiante pode ser considerado spoiler)

Ben Thomas sente-se o responsável pela morte de sete pessoas num acidente de viação, vive uma vida destruída pelo sentimento de culpa e, como tentativa de expiação dos seus pecados, procura ajudar pessoas em situações desesperadas, fazendo-se passar por inspector federal e concedendo perdão das suas dívidas. Ao mesmo tempo, prepara a sua morte, deixando tudo aquilo que tem às pessoas que procura ajudar: a sua casa, os seus bens... os seus órgãos. A certa altura, apaixona-se por Emily Posa (Rosario Dawson), uma mulher com um problema congénito no coração que, segundo os médicos, tem apenas alguns meses de vida. A única hipótese é um transplante de coração. Ben Thomas decide suicidar-se sob condições controladas de tal forma que o seu coração possa ser utilizado para salvar Emily.

Jesus fez algo parecido. Ele apaixonou-se por nós de tal forma que doou o seu próprio coração para substituir os nossos corações sujos e falíveis. Ele amou-nos de tal maneira que doou os seus próprios olhos para nós, que estavamos cegos, podermos agora ver. Nós, por causa do pecado, estavamos condenados à morte, mas Ele morreu para nos dar uma vida abundante e eterna. No entanto, há uma diferença fundamental entre aquilo que fez Jesus e aquilo que Ben Thomas faz no filme Sete Vidas: ao contrário de Ben, Jesus não deu tudo o que tinha para se redimir da sua culpa, mas sim para redimir a minha culpa... a tua culpa.

3.9.09

That's why it's called grace

Este blogue corre o risco de ser inundado por postes acerca da graça e eu corro o risco de me tornar num embaixador da graça de Deus (e aí está uma coisa na qual vale a pena arriscar). Quanto mais a observo à minha volta, quanto mais a experimento e quanto mais leio acerca dela, mais apaixonado estou! A ideia de que Deus anseia por nos receber nos Seus braços tal como estamos e que o Seu amor por nós permanece imutável e incondicional mesmo quando tropeçamos vezes sem conta é algo que permanentemente me faz confusão e me maravilha. Contraria a nossa tendência natural de negociar as coisas. Com Deus não há negócio possível.

Há de um lado um amor infinito e incondicional e do outro lado um pecador que necessita desse amor e que apenas tem que o aceitar. Há de um lado um Pai que espera ansiosamente pelo regresso do filho e que mal o vê ao longe corre ao seu encontro, abraça-o e faz uma festa e do outro lado um filho que fica estupefacto com a festa que o Pai lhe prepara depois de andar anos e anos a chafurdar na lama da vida. Há de um lado uma cruz com Deus feito homem a levar sobre si os nossos pecados e há aos pés da cruz um pecador contrito que, não podendo fazer nada para sair da condição de pecador com as suas próprias forças, repete apenas as palavras do publicano: "Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador." (Lucas 18:13)

Este vídeo ilustra bem aquilo que é a graça... e está disponível para todos, sem excepção, sem condições!


27.8.09

A perspectiva de Deus

«One day, he said to me, "Jesus never talked to a prostitute." I immediately went on the offensive: "Oh, sure he did," and whipped out my sword of the Spirit and got ready to spar. Then he just calmly looked me in the eye and said, "Listen, Jesus never talked to a prostitute because he didn't see a prostitute. He just saw a child of God he was madly in love with". I lost the debate that night. When we have new eyes, we can look into the eyes of those we don't even like and see the One we love. We can see God's image in everyone we encounter. As Henri Nouwen puts it, "In the face of the opressed I recognize my own face, and in the hands of the oppressor I recognize my own hands. Their flesh is my flesh, their blood is my blood, their pain is my pain, their smile is my smile." We are made of the same dust. We cry the same tears. No one is beyond redemption. And we are free to imagine a revolution that sets both the oppressed and the oppressors free.»
Shane Claiborne, The Irresistible Revolution

Pai, perdoa-me pela minha insensibilidade, perdoa-me pela minha falta de Amor. Ensina-me a olhar para os outros segundo a tua perspectiva, livre de todos os preconceitos e nunca me esquecendo que aos teus olhos somos todos igualmente pecadores e igualmente belos e amados...

25.8.09

Shane Claiborne em vídeo

Uma parte daquilo que o Shane diz em The Irresistible Revolution está contida na mensagem que ele dá neste vídeo.

24.8.09

The Irresistible Revolution

The Irrestible Revolution é um dos livros que ando a ler neste momento. Tem como subtítulo living as an ordinary radical e o autor é um tal de Shane Claiborne. O livro é potencialmente perturbador porque o Shane confronta-nos com várias discrepâncias entre aquilo que a Bíblia diz e aquilo que os cristãos fazem. Mesmo eu, que tenho uma tendência (às vezes exagerada) para não aceitar de mão beijada as interpretações clássicas e tradicionais que se fazem das passagens bíblicas, tenho tido dificuldade em digerir muito daquilo que o Shane escreveu. No seu livro, ele põe em evidência o conformismo e a falta da amor pelo próximo da Igreja. Aponta-nos o dedo de uma forma construtiva e o que é interessante é que a mensagem do Shane não é oca, não é incoerente com a sua vida. Ele é um seguidor de Cristo ousado e radical que decidiu não se conformar com este mundo, mas sim viver uma vida dedicada a amar. Todos nós podemos dizer que vivemos para amar os outros. É bonito, soa bem e parece ser algo que deve andar na boca dos cristãos. No entanto, do falar ao viver a distância é enorme. O Shane percorreu essa distância. Percorreu-a com os sem-abrigo de Filadélfia nos USA e com os leprosos da Índia, onde trabalhou nas missões da Madre Teresa. Percorreu-a ao ir para o Iraque para se opor à guerra e para servir os iraquianos e percorreu-a pela maneira como vive no dia-a-dia, ao serviço dos outros. Para perceberem melhor o tipo de ordinary radical que ele é e que ele diz que todos nós, cristãos, devemos ser, leiam o livro. (Tenho uma versão inglesa e não sei se existe em português. Posso emprestar o meu depois de o ler e reler, se for preciso.) Às tantas o Shane conta que um dos seus amigos um dia chegou ao pé dele e lhe disse que ía deixar o cristianismo. O Shane ficou espantado e confuso porque conhecia o seu amigo e sabia que tinha uma fé radical, tal como ele. O amigo passou a explicar: «Vou deixar o cristianismo e vou passar a seguir Jesus.» A pergunta inquietante que este livro levanta é mesmo esta: e se a maneira como nós estamos a viver o cristianismo não corresponde àquilo que é, na verdade, seguir Jesus?

Para já o livro está a ter vários efeitos colaterais em mim, obrigando-me a rever não só a minha concepção do propósito que deve nortear a vida do cristão mas também as minhas posições face à política, à economia, ao consumismo e à pobreza.

18.8.09

TeenStreet, Throne Room

Quando este post aparecer no blogue, eu estarei a explorar a ilha da Madeira se Deus quiser. Mas decidi deixar este post agendado para os meus dois ou três leitores terem algo com que se entreter durante a minha ausência. Não quero ser chato, mas este é mais um post sobre o TeenStreet. Um dos momentos mais esperados em cada dia de TeenStreet é o Throne Room. Um tempo de louvor, adoração, oração e entrega a Deus. É indescritível o gozo e a paz que senti enquanto louvava Deus juntamente com milhares de adolescentes e jovens de várias línguas, raças e costumes. Em comunhão uns com os outros e com Deus. Às vezes penso como será o céu. Jesus prometeu que será um lugar excelente. Mas como será? O que vamos sentir, viver, experimentar quando lá estivermos? Não sei a resposta. Mas sei que será melhor do que as noites no Throne Room e isso, por si só, já é maravilhoso. Durante o Throne Room a minha vontade era simplesmente esquecer-me de tudo o resto e cantar, dizendo a Deus o quanto Ele é espectacular e o quanto o Seu Amor é maravilhoso. Nestes dias pós-TeenStreet, algumas das músicas que ali cantamos não me saem da cabeça. Não só por terem sido bem tocadas ou por terem melodias e arranjos bonitos, mas sobretudo pelas letras. Uma vez ouvi um pastor dizer que é ao cantar que os cristãos mentem mais. Quando estamos na igreja cantamos hinos sem repararmos naquilo que estamos a dizer. Não sentimos realmente aquilo que cantamos. O TeenStreet foi das poucas vezes na vida em que eu realmente cantei porque o meu coração queria cantar, porque a minha alma ansiava dizer a Deus as palavras que acompanhavam aquelas músicas! Aqui fica mais uma música e letra daquelas que ando a cantarolar sem parar:


14.8.09

TeenStreet, imagens soltas



I really want to know You more than I do now
I really want to trust You, need You
I will make a vow
To seek You more, everyday
So You can show me Your way
And I will learn to see
Your secrets revealed to me

12.8.09

Teenstreet, LiFE

LiFE | Česká Republika from LiFE | Europe on Vimeo.



Um dos momentos mais marcantes do Teenstreet foi conhecer a história da Jessica, uma adolescente de 15 anos que vive na República Checa. A forma como ela tenta viver a sua fé é inspiradora tendo em conta que não conta com o apoio de cristãos na sua escola e de adolescentes na sua igreja... Nós estamos sempre prontos a inventar desculpas para a nossa inacção e conformismo. Por nos sentirmos incompreendidos, acabamos por nos fechar num mundo só nosso e não dar a conhecer aos outros a nossa fé. Isto é ainda mais visível na fase da adolescência, durante a qual a nossa maior preocupação é cair nas boas graças dos amigos. A Jessica podia agarrar-se a desculpas muito mais legítimas do que as nossas. Em vez disso, ela permanece fiel à sua missão de falar de Cristo e está a tentar viver a sua fé na sua cidade, com todas as dificuldades inerentes.

11.8.09

Teenstreet, o sumário


Durante o Teenstreet os adolescentes foram desafiados a viver uma fé ousada e radical. O versículo que deu o mote para o Teenstreet foi Hebreus 11:6: "Ora sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima dele acredite que Ele existe e que é galardoador dos que O buscam." Aprendemos que viver pela fé é um ingrediente indispensável para que a nossa relação com Deus se desenvolva. Viver pela fé implica centrar a nossa atenção em Jesus e naquilo que Ele pode fazer nas nossas vidas e nas vidas das pessoas à nossa volta, em vez de nos centrarmos em nós próprios, nas nossas preocupações e nos nossos medos. Viver pela fé implica ver os obstáculos segundo a perspectiva de Deus, em vez de olharmos para eles através das nossas limitações, que são como lentes que distorcem a realidade. O problema de muitos de nós, enquanto cristãos, é que a nossa fé não é suficiente para deixar que Ele tome as rédeas da nossa vida, em todas as áreas, em todos os momentos... E por isso nunca passamos para a outra dimensão da relação com Deus: a grande aventura da fé! Depender absolutamente dele, viver numa atitude de expectativa constante daquilo que Deus pode fazer através de nós, não pelos nossos méritos ou capacidades, mas pela força, coragem e sabedoria que provêm dele. A minha oração é que os teens (e os monitores e voluntários e staff) possam agora viver essa grande aventura, com uma confiança total em Deus, com uma fé mais irreverente e, até, mais louca!

10.8.09

Let that be my song of love for You

Voltei da Alemanha com uma canção que se tornou a minha oração durante estes dias de teenstreet:




HEAVEN'S KING
WHO CREATED EVERYTHING
IS THERE SOMETHING I COULD BRING
TO YOU

A THOUSAND SONGS
COULD THEY EVER BE ENOUGH
TO THANK YOU FOR YOUR FATHER'S LOVE
FOR ME

HERE I AM, HERE I AM

I BRING MY HEART
MY HANDS MY FEET
TO SHARE YOUR LOVE
WITH THOSE IN NEED
LET IT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU
USE MY VOICE
TO TELL YOUR STORY
USE MY ARMS
TO HOLD THE LONELY
LET THAT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU

HEAVEN'S KING
WHO CREATED EVERYTHING
IS THERE SOMETHING I COULD BRING
TO YOU

SAVIOUR
YOU DESIRE TRUTH WITHIN
A BROKEN AND A WILLING HEART
FOR YOU

HERE I AM, HERE I AM


I BRING MY HEART
MY HANDS MY FEET
TO SHARE YOUR LOVE
WITH THOSE IN NEED
LET IT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU
USE MY VOICE
TO TELL YOUR STORY
USE MY ARMS
TO HOLD THE LONELY
LET THAT BE MY SONG OF LOVE FOR YOU

27.7.09

Boas férias

Vou estar ausente durante grande parte do próximo mês. A inspiração e o tempo não têm abundado e nada melhor do que umas férias revigorantes... pode ser que assim o blogue ganhe um novo fôlego. No entanto, não pensem que vou estar um mês inteiro de papo para o ar sem fazer nenhum. A primeira parte das férias consistirá numa semana muito exigente a servir de monitor no Teenstreet, uma espécie de acampamento cristão para adolescentes (não há propriamente tendas, mas é quase um acampamento). Na quinta feira lá vamos todos à molhada de autocarro até à Alemanha, onde 4000 adolescentes e jovens de toda a Europa vão estar juntos para conviver, partilhar talentos, estudar a Bíblia e aprender mais acerca de Deus, do seu plano e do seu amor.

Depois sim, talvez se siga o descanso!

16.7.09

Pensamentos #8: Atributos de Deus

"Alguns atributos de Deus são maravilhosos demais para os compreendermos. Porém, mesmo que sejam obscuros ao intelecto, deixa que eles iluminem a tua alma."

Autor Desconhecido

1.7.09

Imagine Me



Imagine me
Loving what I see when the mirror looks at me cause I
I imagine me
In a place of no insecurities
And I'm finally happy cause
I imagine me

Letting go of all of the ones who hurt me
Cause they never did deserve me
Can you imagine me?
Saying no to thoughts that try to control me
Remembering all you told me
Lord, can you imagine me?
Over what my mama said
And healed from what my daddy did
And I wanna live and not read that page again

[Chorus:]
Imagine me, being free, trusting you totally finally I can...
Imagine me
I admit it was hard to see
You being in love with someone like me
But finally I can...
Imagine me

Being strong
And not letting people break me down
You won't get that joy this time around
Can you imagine me?
In a world (in a world) where nobody has to live afraid
Because of your love fears gone away
Can you imagine me?

[Bridge:]
Letting go of my past
And glad I have another chance
And my heart will dance
'Cause I don't have to read that page again

[Chorus x2]

[Vamp:]
Gone, gone, it's gone, all gone

17.6.09

Conhecer Deus

O livro "O Evangelho Maltrapilho" é tão refrescante, com uma mensagem tão simples e, ao mesmo tempo, tão profunda... Se eu conseguisse assimilar de uma só vez tudo aquilo que o autor tenta partilhar ao longo das linhas que escreve, a minha vida sofreria uma revolução. Seria abanado, virado do avesso, quebrantado, por um enorme furacão. Mas parece que a aquilo que Brennan Manning transmite é tão simples que custa a entender... Assim, vou assimilando o conteúdo do livro aos poucos. O furacão não se faz sentir, mas à medida que vou lendo sou abalado por pequenos vendavais. Uma vez ouvi uma pessoa dizer que o sobrenatural é apenas mais natural que o natural. E às vezes penso que Deus também é assim. Muito mais natural do que aquilo que o nosso entendimento consegue compreender. Nós, sempre prontos para ofuscar o essencial com regras e tretas acessórias, complicamos a manifestação de Deus. Pomos barreiras a uma relação plena e bela com Ele. E ler "O Evangelho Maltrapilho" é como ir, a pouco e pouco, despedaçando essas barreiras. Até que, sedentos do conhecimento real de Deus, possamos orar com toda a sinceridade como Joshua Abraham Heschel, citado por Brennan Manning:

"Querido Deus, dá-me a graça do assombro. Surpreende-me, maravilha-me, enche-me de assombro em cada pequena fenda do teu universo. Concede-me o deleite de ver como Jesus Cristo age em dez mil lugares, adorável em mãos e pernas, adorável ao Pai em olhos que não os dele, nas feições dos rostos dos homens. Arrebata-me a cada dia com as tuas incontáveis maravilhas. Não peço conhecer a razão de todas; peço apenas compartilhar da maravilha de todas."

13.6.09

Pensamentos #7 : A Vida

Encara a vida como uma viagem de barco
Disfruta da paisagem
Faz amizade com o capitão
Pesca um pouco
E desambarca apenas quando chegares a casa.

Max Lucado

24.5.09

Literatura Cristã

Na quinta feira comprei alguns livros de escritores cristãos. Tenho tido vontade de ler acerca da graça e do amor de Deus. Deus é, em essência, amor. E essa mensagem é tão poucas vezes difundida nas igrejas... preferimos falar de outros atributos de Deus, que são importantes mas que, ao serem tão enfatizados, acabam por ofuscar a mensagem central da Bíblia: o amor de Deus, aquilo que Ele fez por nós e aquilo que Ele quer ser para nós. A sociedade em que vivemos e a forma como fomos educados leva-nos a centrar numa versão parcial do evangelho: realçamos as regras e criamos uma aura de dureza e de juíz implacável à volta de Deus, esquecendo a sua magnífica graça. E eu sinto que preciso de aprender mais acerca dessa graça. Por isso resolvi "investigar" a literatura cristã a esse respeito, começando por alguns escritores conceituados no meio evangélico. Comprei os seguintes livros:
  • O Evangelho Maltrapilho, de Brennan Manning
  • Graça Maravilhosa, de Philip Yancey
  • Muito mais do que palavras, de Philip Yancey
  • Surpreendido Pela Alegria, de C.S. Lewis
Nos próximos tempos estes livros devem dar origem a algumas reflexões aqui no blog e alguns excertos dos livros devem passar por aqui.

17.5.09

I am yours




Who am I?
That the Lord of all the earth,
Would care to know my name,
Would care to feel my hurt.
Who am I?
That the bright and morning star,
Would choose to light the way,
For my ever wandering heart.

Bridge:
Not because of who I am,
But because of what you've done.
Not because of what I've done,
But because of who you are.

Chorus:
I am a flower quickly fading,
Here today and gone tomorrow,
A wave tossed in the ocean,
A vapor in the wind.
Still you hear me when I'm calling,
Lord, you catch me when I'm falling,
And you've told me who I am.
I am yours.
I am yours.

Who am I?
That the eyes that see my sin
Would look on me with love
And watch me rise again.
Who am I?
That the voice that calmed the sea,
Would call out through the rain,
And calm the storm in me.

Not because of who I am,
But because of what you've done.
Not because of what I've done,
But because of who you are.


I am a flower quickly fading,
Here today and gone tomorrow,
A wave tossed in the ocean,
A vapor in the wind.
Still you hear me when I'm calling,
Lord, you catch me when I'm falling,
And you've told me who I am.
I am yours.

9.5.09

A fronteira entre devoção e loucura

Frequentemente, pessoas não cristãs colocam-nos a seguinte pergunta: se realmente existe um Deus que nos ama, porque é que Ele nos obriga a rezar, a ir à igreja e a cumprir uma série de rituais e/ou deveres que restringem a nossa liberdade? Reconheço uma lógica implícita neste raciocínio e reconheço até que é uma lógica válida e que pode ser fortalecida pelo estudo da história do cristianismo ou pela simples observação de muitos rituais religiosos que ainda permanecem bem enraizados na nossa sociedade.

Mas se a pergunta é pertinente, existe também uma resposta que (acho eu) é igualmente lógica e que vou tentar expor nas próximas linhas.

Começo por dizer que muitas pessoas que vêem o cristianismo de fora não chegam a tomar conhecimento daquilo que ele é realmente. E, não querendo ofender ninguém, atrevo-me também a dizer que muita gente que se diz cristã também não sabe o que é o cristianismo. Ou porque nunca lhes explicaram ou porque, mesmo sabendo o que é, preferem viver um pseudo-cristianismo moldado aos caprichos e às ideias do homem. O cristianismo não tem nada a ver com rituais ou tradições complicadas. Ser cristão não é como seguir um manual de instruções sem sentido, pensando que dessa forma compramos a nossa salvação, a nossa paz, a nossa felicidade ou a nossa vida para além da morte. O cristianismo não é uma troca de favores ou um negócio entre o homem e Deus.

Da forma como eu vejo as coisas, o cristianismo nem sequer é uma religião. Esta pode parecer uma opinião fundamentalista, mas é esta a opinião que melhor espelha aquilo em que acredito: as religiões são os caminhos que o homem inventou ao longo da história para tentar conhecer Deus; o cristianismo foi o caminho que Deus deu ao homem para que o homem o possa conhecer.

É por isso que não reconheço em Deus qualquer vestígio de crueldade ou injustiça. Porque para ser cristão não é preciso viver preso a um conjunto de regras irracionais, sacrificando a nossa liberdade de modo a subirmos mais um degrau na escada que nos leva a Deus. Não é disso que se trata o cristianismo. Se assim fosse, ser ou não um bom cristão seria resultado de uma espécie de selecção natural que favoreceria as pessoas com mais capacidade para o masoquismo. A mensagem do cristianismo é a de que, através do sacrifício de Jesus, o homem tem, se assim o desejar, livre acesso a uma relação com Deus, sem que seja necessário qualquer sacrifício adicional. É como se, ao reconhecermos Jesus como «o caminho, a verdade e a vida», Ele nos pegasse ao colo e nos levasse ao topo da escada, junto de Deus. Não é necessário o nosso próprio esforço para subirmos mais degraus. Ele põe-nos logo lá em cima!

A história do cristianismo está repleta de episódios macabros. Muita gente mal intencionada abusou da boa-vontade e da ignorância dos crentes, impondo regras e costumes opressores. Mesmo no tempo de Jesus, havia o grupo dos fariseus, gente letrada e extremamente religiosa que influenciava negativamente a forma como os judeus praticavam o judaísmo. A história das várias correntes cristãs conta acerca de grupos que, seguindo a onda dos fariseus, deturparam a mensagem central do cristianismo. Alguns dos episódios mais tristes das sociedades ocidentais desenvolveram-se baseados nessa mensagem deturpada: as cruzadas, a inquisição, a escravatura...

Acerca da história do cristianismo sugiro o filme Luther, que conta a vida de Martinho Lutero. Um padre que percebeu que aquilo que a igreja do século XVI pregava não tinha nada a ver com o evangelho que Jesus pregava e que, por ter lutado contra as tradições da igreja, acabou por tornar-se uma das personagens mais importantes da história do cristianismos, dando origem a muitas igrejas protestantes e também obrigando a uma inevitável reforma na própria igreja católica, ainda que muito atrasada.

Mas não pensemos que as tradições macabras e desumanas (se virem o filme ficam a saber melhor do que estou a falar) aconteceram apenas no passado, numa época ainda muito medieval. Ainda hoje há ignorância suficiente para se praticarem os actos mais horrorosos em nome do cristianismo. Este vídeo é um exemplo disso:







Também podia pôr aqui este... mas é realmente horrível (não aconselhado a pessoas sensíveis). Obviamente a igreja católica já há muito tempo se distanciou desta prática absurda levada a cabo pelos "cristãos" das Filipinas. Mas até que ponto é que as peregrinações não são também práticas masoquistas e inúteis? E até que ponto não são também inúteis as regras e todos os rituais aos quais os cristãos são, muitas vezes, obrigados a submeter-se? E as rezas repetidas n vezes apenas por tradição? E para não pensarem que este post é um manifesto anti-católico (não o é; este post é antes de tudo, uma tentativa de responder à pergunta lá de cima. E se tem alguma coisa de manifesto, é um manifesto anti-tudo aquilo que deturpa a mensagem da Bíblia, seja católico, protestante ou qualquer outra variante...) deixem-me pôr aqui no mesmo saco os "sacrifícios financeiros". Aliás, no tempo de Lutero essa era uma das formas de opressão favoritas por parte da igreja. Exigir dinheiro para a salvação, cura ou resolução dos problemas. Hoje em dia há por aí muitas igrejas ditas evangélicas que anunciam bençãos financeiras para os crentes. Os apóstolos desta triste ideologia incentivam os crentes a darem dinheiro à igreja levando-os a acreditar que dessa forma Deus retribuirá e dar-lhes-à prosperidade.

(Abro aqui um parêntesis para dizer que eu frequento uma igreja que se diz evangélica, mas que tem muito pouco em comum com as igrejas acima referidas, para além do nome. E sinceramente tenho vergonha de ter esse nome em comum e prefiro dizer simplesmente que sou cristão, para tentar evitar que me colem a qualquer uma das correntes do cristianismo. Infelizmente há uma proliferação assustadora de igrejas que se auto-denominam evangélicas, causando uma confusão de todo o tamanho. A minha igreja, não sendo perfeita, é onde eu me sinto melhor porque conheço as pessoas que a frequentam e sei que, mesmo com divergências pontuais em relação a questões de doutrina, essas pessoas entendem e vivem o cristianismo da mesma forma que eu. Compreendo que seja confuso para quem está de fora perceber o porquê de tantas igrejas e de tantas divisões entre os cristãos. As razões são muitas, algumas mais válidas do que outras. Mas é provável que em qualquer igreja dita cristã existam pessoas que percebem o cristianismo e que o vivem realmente nas suas vidas e pessoas que não o fazem. A proporção entre estes dois tipos de pessoas varia de igreja para igreja. Avaliar até que ponto uma igreja é mais cristã do que outra é uma tarefa não linear da qual devemos nos abster.)

Voltando ao tema do post, uma coisa é certa: nada daquilo que fizermos vai levar Deus a amar-nos mais. Ele já nos ama com um amor pleno, absoluto, total. Não há qualquer tipo de sacrifício, de reza, de peregrinação, de esforço, de molestação física, psicológica ou emocional, que leve Deus a gostar mais de nós. No mundo consumista em que vivemos, é difícil distanciarmo-nos de uma visão do cristianismo que não exija qualquer troca, qualquer espécie de negócio. Mas é assim mesmo que funciona a graça de Deus. Ele permitiu que Jesus se sacrificasse em nosso lugar e agora não há nada que tenhamos que fazer para ter acesso a Ele. É gratuito, basta aceitá-lo.

E agora vocês perguntam: mas se é assim, isso quer dizer que não é preciso ir à igreja, nem falar com Deus, nem cumprir qualquer tipo de regras? Aceitamos que Jesus morreu por nós criando, através da sua morte e ressurreição, um caminho para Deus e isso é tudo? O cristianismo acaba aí?

Quem acompanha este blog já deve saber a resposta. O cristianismo não acaba aí. Reconhecer que é Jesus que nos reconcilia com Deus é apenas o primeiro passo. A partir daí, já que temos acesso a Deus, ser cristão é estabelecer com Ele uma relação pessoal. E, à medida que vamos percebendo o tamanho do amor que Deus tem por nós, vamos sentindo desejo de aprofundar essa relação. Como em qualquer relação, as duas partes têm que comunicar uma com a outra. Por isso sentimos desejo de falar com Deus, de lhe contarmos os nossos problemas e anseios e de partilharmos com Ele as nossas alegrias. Rezar, ou melhor, falar com Deus, não deve ser uma obrigação auto-imposta sob o medo de não lhe estarmos a agradar o suficiente. Falar com Deus torna-se uma necessidade e um prazer. Tal como falar com os nossos amigos mais próximos e com quem gostamos de estar. E Ele fala conosco através da Bíblia e através daqueles a quem designou para pregar a sua mensagem nas igrejas. E é também natural sentirmos desejo de partilhar a descoberta de Deus com outros que estão a fazer a mesma descoberta. Isso faz-se nas igrejas. Por isso, o desejo de ir à igreja vai crescendo, sem que seja também uma obrigação. A ideia do cristão não deve ser baseada no medo de Deus: "tenho que orar e ir à igreja e cumprir todas as regras, caso contrário Deus vai zangar-se comigo e castiga-me." A ideia é a de fazer essas coisas porque temos gosto em fazê-las, porque elas nos completam.

E é natural que a relação com Deus vá moldando as nossas personalidades, as nossas opiniões e o nosso carácter. Isso reflecte-se em mudanças que, para quem está de fora, podem parecer um sinal de perda de liberdade. No entanto a motivação do cristão não deve ser apenas a de cumprir regras com o intuito de agradar a Deus, como se lhe estivesse a fazer um favor. Ao nos relacionarmos com Deus as noções do bem e do mal, do certo e do errado, vão ganhando contornos mais definidos na nossa consciência e a motivação das mudanças que ocorrem no cristão deve ser uma convicção profunda daquilo que é certo e errado, numa busca constante da integridade da qual Jesus foi o exemplo máximo.

Espero com este texto ter conseguido delinear uma resposta plausível àqueles que julgam encontrar sinais de crueldade em Deus e no cristianismo. A relação do homem com Deus não implica a perda de liberdade. Pelo contrário... reconhecer que precisamos dele e da acção do seu amor nas nossas vidas, levar-nos-à a uma caminhada durante a qual nos vamos libertando dos defeitos e dos erros que nos aprisionam. Deus não nos transforma em escravos seus, mas em amigos! E se é verdade que o cristianismo pode levar os crentes a abdicar de coisas e a imporem, aparentemente, alguma restrição à sua própria liberdade, isso deverá ser feito de coração, com a convicção de que se está a tomar a atitude certa e nunca por medo e obrigação. Caso contrário, estaremos a tornar-nos fanáticos e a viver um cristianismo oco e sem sentido. E em nome desse tipo de cristianismo o homem já mostrou que é capaz de cometer os actos mais loucos que possamos imaginar, actos nos quais não há qualquer vestígio da mensagem de Jesus.

“Se pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36)

27.3.09

Pensamentos #6: Sonhos

O mais miserável dos homens é aquele que transforma os seus sonhos em prata e ouro.

Kahlil Gibran

8.3.09

Relacionamentos


«Daqui a cinco anos estarás bem próximo de seres a mesma pessoa que és hoje, excepto por duas coisas: os livros que leres e as pessoas de quem te aproximares.»

Esta é uma frase muito usada para valorizar a leitura. Concordo plenamente que aquilo que lemos influencia imenso quem nós somos. Sou um fã incondicional da leitura e também tenho a minha própria frase acerca da sua importância: o hábito da leitura aproxima a nossa inteligência do seu potencial. Mas não é só ao nível cognitivo que a leitura intervém. A nossa visão da vida, a nossa personalidade e até mesmo o nosso carácter são moldados por aquilo que lemos. Mas o meu objectivo neste texto passa por pegar na frase que citei não para falar na leitura, mas sim nos relacionamentos. É também inegável que nós somos seres influenciáveis por aqueles que nos rodeiam. O contacto com o próximo leva-nos a desenvolver a nossa personalidade, para o bem e para o mal. O homem não tem uma capacidade inata para se desenvolver isoladamente, de modo independente, mas sim em comunidade, em interacção com aqueles que fazem parte das nossas vidas. Esta interacção é particularmente visível na infância e adolescência, na aprendizagem a que somos sujeitos por influência dos nossos pais, dos nossos familiares e dos nossos professores. Mas é uma interacção que se estende a todos os quadrantes e a todas as etapas da nossa vida. Qualquer relação que estabelecemos, por mais fugaz que seja, desperta em nós emoções e contribui para mudar um pouco quem nós somos. A nossa personalidade e o nosso carácter não são, mesmo na idade adulta, um conjunto de características estáticas e inequivocamente estabelecidas, mas sim um emaranhado de qualidades e defeitos, de virtudes e de preconceitos, que vão evoluindo de um modo dinâmico em função das nossas experiências. Se ser uma pessoa íntegra faz parte dos nossos propósitos, devemos ser cautelosos na maneira como nos deixamos influenciar por aqueles de quem nos aproximamos. No "ecossistema" humano os diferentes tipos de relação que se podem estabelecer entre duas pessoas encontram algum paralelismo nas relações bióticas estudadas pela biologia. Uma relação entre dois seres vivos pode ser prejudicial ou benéfica para ambos ou para apenas um deles. E nas relações humanas acontece o mesmo. Há relações que destroem o que de melhor há numa pessoa. Outras parecem deixar em nós apenas uma marca de indiferença. E outras levam-nos a crescer, a tornarmo-nos melhores do que éramos. Uma frase que frequentemente ouvimos, muitas vezes dita entre namorados ou entre marido e mulher, é algo do género: "quando estou contigo tenho o desejo de ser uma pessoa melhor". Este é o maior elogio que se pode fazer a uma relação entre duas pessoas. Que bom era se, na nossa vida quotidiana, lidassemos sempre com pessoas que provocassem em nós o desejo de sermos melhores. Que bom era se nós próprios provocassemos naqueles que nos rodeiam o desejo de serem melhores.

Nos dias que vivemos, há muita gente que vive levianamente e relaciona-se com os que os rodeiam de uma forma negligente. Vivemos para nós mesmos, focamo-nos sobretudo no nosso umbigo, deixamos o nosso ego crescer demasiado. Esta forma de vida leva-nos a viver isolados, leva-nos a não contribuir para o crescimento dos outros e a não deixar que eles contribuam para o nosso crescimento. Levada ao extremo, esta forma de vida leva-nos a lesar os outros em busca da nossa satisfação pessoal e é a causa de todos os tipos de corrupção que inundam a sociedade. Mas esquecemo-nos de que o homem nunca será totalmente feliz vivendo de um modo isolado. A verdadeira realização do homem reside em partilhar a vida, o amor e a paz com os outros, em integridade e em negação de si mesmo.

Enquanto cristão, tenho como propósito ser uma pessoa mais íntegra e mais abnegada. E acredito que este propósito é algo que se estende a muita gente não cristã. O mundo precisa de gente que se relacione com os outros tal como gostava que eles se relacionassem consigo. É a regra de ouro segundo as palavras de Jesus, mais abrangente do que a versão mais usual: faz aos outros aquilo que gostavas que te fizessem a ti. Cultivar relações benéficas para ambas as partes é uma tarefa que cada um deve procurar executar por si próprio. Nem sempre é fácil fazê-lo.

Mas há uma relação que podemos cultivar e cujos benefícios são insuperáveis. A relação com Deus. Também Ele quer ter uma palavra a dizer nas nossas vidas. Também Ele quer influenciar a nossa personalidade e o nosso carácter.
Se nos aproximarmos dele, Ele vai ajudar-nos a cumprir o nosso propósito de vivermos em integridade e de nos realizarmos completamente. Porque Ele próprio é o melhor exemplo de amor abnegado. Daqui a cinco anos poderemos ser pessoas muito diferentes e muito melhores, se procurarmos a cada dia estar mais próximos de Deus.

21.2.09

A banda sonora dos meus últimos dias



You gave me courage to believe
that all your goodness I will see
and if it had not been for you standing on my side
where would I be

If not for your goodness if not for your grace
I don't know where I would be today
if not for your kindness I never could say
I'm still standing
if not for your mercy if not for your love
I most likely would have given up
if not for your favor
I never could say
I'm still standing but by the grace of God

To you I lift my offering
and set my heart on higher things
for if it had not been for you standing on my side
where would I be

I'm still standing
I'm still standing
I'm still standing but by the grace of God

Letra de: Israel Houghton, Cindy Cruse Ratcliff

19.2.09

Tu és

Quando dou por mim
Perdido num nevoeiro de dúvidas
Tu és o Conselheiro que as dissipa
E me faz ver de novo o caminho.

Quando estou em apuros na batalha da vida
E a derrota parece iminente
Tu és o Guerreiro Imbatível
Que luta e vence no meu lugar.

Quando as circunstâncias da vida me magoam
E as lágrimas escorregam pela minha face
Tu és o Pai de amor
Que me toma no colo e enxuga as lágrimas.

Quando o peso do pecado é insuportável
E me obriga a caminhar vergado
Tu és o Redentor Vivo
Cuja graça me sara e me levanta.

Quando o meu gozo fica refém da angústia.
E a tristeza e o desespero invadem o meu ser
Tu és o Consolador Santo
Que devolve a esperança ao meu coração.

Quando as pequenas coisas do dia-a-dia
Provocam momentos de alegria e gozo
Tu és o Amigo mais chegado que um irmão
Que sorri ao meu lado partilhando esses momentos.

Quando novos desafios se aproximam
E o tamanho dos obstáculos contrasta com as minhas fraquezas
Tu és o Deus Forte
E pela tua força ultrapasso as barreiras.

Se as riquezas deste mundo me abandonam
Se as trevas me cercam e a solidão é a minha casa
Tu és o meu tesouro, és a minha luz
E és o meu Companheiro Fiel.

Quando andar pelo vale da sombra da morte
Não temerei mal algum
Porque Tu és o Pai da Eternidade
E para sempre estarei contigo.

Que em todo o tempo
E em qualquer circunstância
Eu possa dizer com todo o meu coração
Deus, Tu és tudo para mim.