1.9.10

Redescobrir Jesus


"The return of YHWH to Zion, and the Temple-theology which it brings into focus, are the deepest keys and clues to gospel christology. Forget the "titles" of Jesus, at least for a moment; forget the attempts of some well-meaning Christians to make Jesus of Nazareth conscious of being the second person of the Trinity; forget the arid reductionism that some earnest liberal theologians have produced by way of reaction. Focus, instead, on a young Jewish prophet telling a story about YHWH returning to Zion as a judge and redeemer, and then embodying it by riding into the city in tears, symbolizing the Temple's destruction and celebrating the final exodus. I propose, as a matter of history, that Jesus of Nazareth was conscious of a vocation: a vocation, given him by the one he knew as "father", to enact in himself what, in Israel's scriptures, God had promised to accomplish all by himself. He would be the pillar of cloud and fire for the people of the new exodus. He would embody in himself the returning and redeeming action of the covenant God."

by N.T.Wright in The Challenge of Jesus

Ando a ler este livro e tenho que confessar que é das coisas mais pesadas que já li. Mas recompensa! É a contextualização dos evangelhos aprofundada com muito rigor, sem fugir às questões que os pensadores seculares levantam, mas também sem fugir à Bíblia. Nalguns pontos o autor toca em questões muito delicadas. Por exemplo, o excerto que transcrevi aparece num capítulo cujo objectivo é responder à pergunta: será que Jesus, o homem, tinha ou não a consciência de que era Deus? A proposta de N.T.Wright para responder a esta questão era capaz de chocar muito boa gente. Mas pelo menos está bem fundamentada, é coerente, dá uma perspectiva refrescante do evangelho e foge ao simplismo com que habitualmente tratamos estas questões nas igrejas.

Se lermos as palavras de Jesus e interpretarmos os seus actos à luz da religião judaica do 1º século, passamos a conhece-lo melhor. A contextualização não resulta em teologia barata e irrelevante (eu não gostava de teologia porque não lhe reconhecia relevância e, de facto, há muita teologia irrelevante). A contextualização resulta em teologia que nos transporta até à raiz do evangelho, até à essência da mensagem de Jesus. E há medida que vou percebendo essa mensagem, mais fascinante Jesus se torna e mais apaixonado estou por Ele!

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